Sexta feira da 32a. Semana do Tempo Comum. Novembro sextando em clima de feriado. 135 anos de História Republicana. 1889 ficou para trás, mas as mazelas da “Republicana das Bananas”, seguem ditando o ritmo dos nossos dias. Uma República cheia de contradições, prefigurando uma sociedade excludente, desigual, com os empobrecidos escanteados à margem, ao mesmo tempo que uma parcela ínfima da população, segue enriquendo a passos largos.
Que o digam os Povos Indígenas deste país varonil. Embora estando por aqui, desde antes da chegada do invasor/colonizador, somente depois de 99 anos, uma Constituição Federal, traz em suas linhas, algo que contemple a realidade dos direitos inalienáveis destes povos. Mesmo assim, sendo letra morta para muitos latifundiários deste país que, inexoravelmente, invadem seus territórios.
Um feriado nacional de tempo fechado, aqui pelas bandas do Araguaia. O Sol resolveu tirar folga e dormir um pouco mais. No seu lugar, veio uma chuvinha intermitente, espantando, por hora o forte calor, típico por aqui. Rezei e rabisquei chacoalhando dentro do ônibus, desbravando o barro da estrada de chão, rumo à distante capital deste Estado: Cuiabá.
A temática trazida pela liturgia para este dia, diz respeito à Escatologia. Jesus, falando para os seus sobre o “fim dos tempos”. Escatológico, que diz respeito ao discurso que aborda as implicações teológicas do fim, principalmente sobre o Juízo Final. A palavra “escatológico” vem do grego “éskhatos”, e quer significar “extremo”, “último”.
Ninguém sabe ao certo, o dia que acontecerá a sua partida deste plano. Certo é, que este dia chegará para todos e todas. Cabe-nos estarmos prontos e preparados, para o dia do nosso encontro definitivo com o Senhor. Não ter medo, é o primeiro passo de quem vive intensamente a sua fé. Não ter medo, e nem ter medo de ter medo. Fé que se prova na confiança total e na fidelidade ao projeto de Jesus, não tem espaço na sua vida para o medo.
Viver a fé é fazer da vida, doação aos outros. Doação, entrega, serviço! Vida como dom total, doação. Nossa vida é dom de Deus para nós. Não a temos para vivê-la exclusivamente para nós. Quem se doa, recebe de volta. É assim que a dinâmica da vida acontece, quando nos fazemos sintonia com o plano de Deus. Quem ama não se reserva para si. É no doar-se por inteiro que a vida ganha outras dimensões mais profundas e significativas.
Estamos todos e todas caminhando para o ocaso em Deus. Cada dia vivido, é um dia a menos no cômputo geral de nossa história. Nada que amedronte ou assuste, para aqueles que têm a sua fé provada no fogo da confiança e fidelidade ao Deus da vida. A vida é constituída de mudanças, permanentemente. Como dizia o filósofo Heráclito de Éfeso (540 a.C.- 470 a.C.) “Nada é permanente, exceto a mudança”. Que nos deixemos moldar pela ação transformadora de Deus, sem medo de sermos felizes diante do fim que se avizinha. Entre a fé e o medo, fico com a primeira, ressonando em mim uma das frases de nosso bispo Pedro: “O contrário da fé não é a dúvida: é o medo. E não se pode ter medo do medo!”
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