Domingo da solenidade da Santíssima Trindade.
A Igreja Católica reserva sempre o primeiro domingo, pós-Pentecostes, para celebramos esta festa importante na história do cristianismo. Trindade Santa: Pai, Filho se juntando ao Espírito Santo, se fazendo Três Pessoas em um só Deus. Um Deus Uno e Trino, como mistério se fazendo presente em nossa realidade histórica. Como dizia Leonardo Boff: “A Santíssima Trindade, a melhor comunidade”. Iniciativa gratuita da amorosidade de Deus, de vir ao nosso encontro, como obra de nossa salvação. O Deus da libertação se fazendo presente na pessoa de Jesus de Nazaré, insuflando em nós a força do Espírito Santo transformador.
Iniciei o meu domingo embevecido por este mistério. A penumbra da noite ainda presente, vendo descortinar a claridade do dia. O Deus, Uno e Trino, preenchendo o espaço se fazendo presença viva na natureza do meu quintal, com a mamãe sabiá depositando o alimento vital no bico de seus dois filhotinhos. Fizemos-nos sintonia para louvar e agradecer a Deus pelo dom da vida que se renova a cada dia. Senti-me alimentado pelo diálogo com o Criador, como aqueles indefesos filhos da natureza, desprovidos ainda da plumagem necessária de sua roupagem característica.
Um Deus três em um. Unidade que não se faz individualidade, mas que se complementam como uma Grande Família. Temos noção de quem Deus é, mas não conseguimos defini-lo com palavras. Nosso Deus não é o Deus sobre os quais falavam os filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo e é também o Espírito Santo de Amor. As três pessoas Divinas distintas, num só Deus, formando a melhor comunidade. O Pai que muito nos ama e nos deu o Filho, trazendo-nos o seu projeto de amor. Da relação de amorosidade entre o Pai e o Filho, temos o Espírito Santo se fazendo vivo em nós na mesma relação de ternura e amorosidade. .
A Santíssima Trindade não se define filosófica ou teologicamente, mas se vive na experiência de fé cotidiana de um Deus que se deixa “tocar” pelos seus. Um Deus que não se encontra distante e inacessível, mas pela presença de seu Filho em nós, chegamos ao Divino que se faz humano na pessoa de seu Filho. Para melhor desvendar este rico mistério, deu-nos gratuitamente as luzes do Espírito. Como dizia nosso bispo Pedro, “o Espírito Santo tem duas asas. Por quê? De um lado, o Espírito nos leva à oração, à interioridade, à paz. De outro, ele nos leva à ação, ao compromisso, à luta. O mesmo Espírito, dos dois lados! Nunca nos leva às nuvens, à indiferença, à omissão. Sempre é ‘o Espírito da Verdade’, ‘o Pai dos Pobres’, ‘o Espírito da Vida’, ‘Ventania e Fogo’.
Santíssima Trindade que é puro mistério. Três pessoas que não se anulam, mas que se completam formando uma unidade na diversidade. Um está contido no outro e se faz um todo. Fazer a experiência vital deste mistério é saber que somos seres da diversidade. Fomos criados a imagem e semelhança de Deus para vivermos nesta diversidade que a vida se nos apresenta. O próprio viver em sociedade pressupõe a convivência com o diferente, quando somos desafiados a valorizar e respeitá-lo pelo diferente que cada um sabe ser. A imagem e semelhança de nosso Criador, somos seres multirraciais, miscigenados pelo outro que há em nós, formando a grande família de Deus. Cada um em particular sendo especial para Deus que nos conhece profundamente e nos chama pelo nome, já bem antes de habitarmos no ventre amoroso de nossa mãe (Jr 1,5). Somos seres privilegiados, pois o amor com que o Pai nos ama, nos faz experimentar em nós a presença de um Deus três em um.
“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora”. (Jo 16,12) Por mais complexos que sejam os caminhos deste mundo, não somos seres que caminham à deriva. Ao fazermos a adesão a Jesus de Nazaré, trilhamos pelos mesmos caminhos que Ele. Assim, a terceira pessoa da Santíssima Trindade é que vai nos orientando e nos fazendo encontrar este caminho percorrido por Jesus. Como bem definiu Lucas ao se referir ao programa da atividade de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos”. (Lc 4, 18) Na visão de nosso Pedro, “o Espírito Santo é ‘agitador’ e ‘subversivo’, debelador da injustiça e da opressão, ‘revolucionador’ do mundo”. Salve a Santíssima Trindade! Que venha o Espírito Santo com a sua Divina Ruah, insuflando em nós a presença Uma e Trina!
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