Terça feira da vigésima primeira semana do tempo comum.
Hoje a Igreja celebra a festa de Santa Rosa de Lima (1586-1617), padroeira do Peru, da América Latina, das Índias e das Filipinas. Foi ela a primeira mulher a ser canonizada no “Novo Mundo”. Lembrando que esta expressão “Novo Mundo” foi um termo criado pelos Ibéricos, espanhóis e portugueses, para designar os territórios para além das delimitações da Europa, o Velho Continente, no período das Grandes Navegações, onde a América foi inclusa por estar se tornando “descoberta” naquele momento histórico. Rosa foi uma mística que fazia parte da Ordem Terceira Dominicana, canonizada pelo Papa Clemente X em 1671.
O mês de agosto caminha para o seu ocaso. O dia de hoje nos faz lembrar nossa última Romaria dos Mártires da Caminhada, quando nos encontramos na cidade de Ribeirão Cascalheira, para reativar o ânimo, a coragem e a esperança de nossa caminhada como Igreja Povo de Deus. Pouco mais de um mês nos separa da nossa última romaria, cujo tema central foi “Tudo pelo Reino”. Temática esta que fora escolhida pelo nosso bispo Pedro, ainda quando estava presente fisicamente na romaria acontecida no ano de 2016. Segundo nosso profeta, místico e poeta, o cristão seguidor fiel de Jesus de Nazaré deve ser alguém que está sempre “na procura do Reino”. Tudo pelo Reino.
Reino de Deus ou Reino dos Céus como prefere chamar o evangelista Mateus, por causa das circunstâncias dos judeus que faziam parte da “Comunidade Mateana”. Aliás, este evangelista faz questão de reunir no capitulo 13 de seu evangelho as sete parábolas do Reino. Ou seja, devido a complexidade do termo “Reino dos Céus”, Jesus faz uso da linguagem parabólica para que os seus ouvintes melhor entendessem a dinâmica do Reino. Reino que é dádiva, dom, graça, cujo Deus Criador, toma a iniciativa de vir em pessoa trazer-nos a novidade do Reino na figura de seu Filho encarnado em nossa realidade humana. Jesus que é todo pelo Reino.
Reino que é também uma busca incessante e incansável. Uma procura que deve acontecer por iniciativa nossa, para encontrar-nos com o Reino. “Buscai primeiro o Reino de Deus” (Mt 6,33), orienta-nos Jesus através de sua Palavra. Reino que está projetado para o além, na vida eterna, mas que deve ser algo que começa aqui e agora no chão da nossa história de vida. O Reino é “já” e é também “ainda não”. Devemos viver a nossa vida de forma intensa na procura do Reino, como meio de adquirir os bens necessários para viver, porém, esta procura pode se transformar numa ansiedade contínua e pesada, se não for precedida pela busca da justiça do Reino, isto é, a promoção de relações de partilha, de igualdade e fraternidade entre nós. Em outras palavras, o necessário para a vida virá junto com essa justiça, como fruto natural das relações que vamos construindo na história.
Devemos fazer de tudo para entrar na dinâmica do Reino. Para fazer parte do Reino é necessária uma decisão radical no seguimento da “Testemunha Fiel”. Jesus é a nossa inspiração maior para lutar pelas causas do Reino. Nada de apegar às seguranças, mesmo religiosas, que são falsas ou puras imitações, em troca da justiça do Reino. Somos seres da esperança e assim deve ser a nossa busca pelas utopias do Reino. Lutar pelo Reino é lutar por outro mundo possível. Como gostava de nos dizer o nosso bispo Pedro: “Nós somos o povo da esperança, o povo da Páscoa. O outro mundo possível somos nós! A outra Igreja possível somos nós! Devemos fazer questão de vivermos todos cutucando, agitando, comprometendo. Como se cada um de nós fosse uma célula-mãe espalhando vida, provocando vida.” Fazendo acontecer o Reino.
Tudo pelo Reino. Vidas pela vida, vidas pelo Reino! Vidas doadas, vidas projetadas na procura do Reino. O Reino de Deus é muito maior do que a nossa experiência de fé centrada numa vida sacramental de louvores e adorações desconectadas da prática libertadora da mística de Jesus. O Evangelho é a fonte radical da qual devemos todos beber se quisermos entrar na lógica do Reino. O desafio maior é sair de nós mesmos para fazer uma experiência mais profunda na caminhada com Jesus, adotando em nós a pedagogia do poder-serviço. Diante desta perspectiva devemos sempre nos perguntar: estamos na procura do Reino? Nossa vida segue tendo o Reino como algo a ser encontrado, construído? Estamos dispostos a dar tudo pelo Reino?
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