Terceiro Domingo do Advento. Já estamos quase lá. De nossa janela do tempo, já avistamos a gruta de Belém. É lá que nasce o Salvador que vai mudar os rumos da história. O nosso coração está já em festa e em plena alegria: “minh’alma se alegra, se alegra no meu Deus”. (Lc 1, 46 ss) Como é bom projetar os nossos sonhos no esperançamento do colo aconchegante de um Deus que muito ama!
O Terceiro Domingo é o da alegria. Daqui há poucos dias já estaremos celebrando as alegrias do Natal. Por isso, esse domingo é conhecido como “Domingo Gaudete”, ou da alegria, pois o Natal do Senhor está próximo. Ao longo de toda esta semana nos prepararemos com mais afinco a vinda do Messias. O mistério da amorosidade de Deus pelo seu povo, se realizando na encarnação do Verbo.
Um domingo em que meu coração amanheceu apertadinho. A vontade de estar no Araguaia fala mais alto dentro de mim. Definitivamente, não sou mais um cidadão urbano. A convivência de mais de três décadas com os povos da floresta, fez de mit um matuto feliz e realizado, sabendo que escolhi o melhor caminho para o meu serviço às causas do Reino. Meu pastor, poeta e profeta me ajudou com uma de suas frases: “na dúvida, fique do lado dos pobres”. (P. Casaldáliga)
O domingo é da alegria, mas é também da simplicidade, do despojamento e, sobretudo, da humildade. Características estas que fizeram de João Batista um homem consciente de sua missão: eu não sou Ele! Poderia muito bem, encher-se de vaidade e ter vestido a roupagem da arrogância e da prepotência, afinal, ele é aquele que foi predito pelo profeta Isaías, que viria preparando os caminhos do Senhor.
João é o testemunho fiel e concreto da Luz. Ele não é a luz, mas aponta para a luz divina, para que todos pudessem chegar à fé por meio d’Ele. A tarefa de João não é nada fácil, já que as autoridades judaicas projetaram nele como aquele que fosse o profeta Elias, questionando o batismo que realizava, já que não era Elias, muito menos o Messias.
“Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. (Jo 1,27) Esta frase dita por João, resume todo o seu ministério de humildade e entrega confiante ao Projeto de Deus. O Messias está bem alí a sua frente e, para Ele é que os olhares precisam ser direcionados. O Messias é Jesus, Palavra de Deus! É a luz que ilumina a consciência de toda pessoa. Levado pelo seu imenso amor e fiel às suas promessas, Deus quis introduzir os homens onde jamais teriam pensado: partilhar a própria vida e felicidade de Deus.
O texto de João que a liturgia nos oferece neste domingo, para a nossa reflexão, é singular. Aprender com João, é a nossa missão! Ter a humildade suficiente para reconhecer que não somos nada e nem ninguém, sem Aquele que é a fonte de toda a vida: Jesus o Messias. Numa proposta de “Igreja Sinodal” como quer o Papa Francisco, que hoje celebramos seus 87 anos, muito temos que aprender com o Batista. Não pregou a si mesmo, como fazem alguns padres e bispos, que se colocam vaidosamente no lugar de Jesus, esquecendo-se que eles não são, mas Jesus É, o Messias de Deus, o Verbo encarnado que veio nos libertar, inclusive destas mesquinharias de um coração egocêntrico, inflado de vaidade.
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