HÉLIO MADDALENA JÚNIOR.(1)

PRÓLOGO

Os portões da Vila Santo Afonso, no bairro da Pedrinha, na bela cidade de Guaratinguetá, que tem São Frei Galvão como santo da casa, estavam abertos quando a UNESER chegou para um ansiado retiro, espiritual e cultural, de alguns de seus membros.

PEDRO LUIZ DIAS. (2)

O caminho dos portões até a casa é calçado por paralelepípedos, uma via bem cuidada, cujos blocos de pedra são como peças que compõem a lembrança de muitos, das ótimas brincadeiras, dos estudos, preocupações existências e desafios.

Essa via de acesso, ainda inominada, é ornada por antigas e imponentes palmeiras, de cujos cimos alçam sonhados voos de liberdade, aves harmoniosas que gorjeiam notas musicais de acordes elevados. Árvores e arbustos de variadas espécies vicejam ao redor. Jardinagem impecável que denota os cuidados com a natureza, casa comum.

Aos poucos, os participantes do retiro foram chegando, todos ex-seminaristas de algumas casas de formação da Congregação Redentorista, a C.Ss.R., ou apenas Congregação, como muitos a ela se referem.

Todos externando grande alegria em rever amigos e conhecer novos, de outras turmas e cursos. Certamente, a acolhedora Casa da Pedrinha, cercada pela Serra da Mantiqueira, uma bela capela e áreas de meditação e lazer, criavam uma atmosfera propícia para um profundo mergulho espiritual e vivência de momentos culturais.

A atual liderança da UNESER, que tem a marca da serenidade do Jonival Côrtes, desenvolveu com o Padre José Marques Dias, atual diretor espiritual designado pelo Provincial da Congregação, uma objetiva agenda para que o retiro contemplasse apresentação de palestras, desenvolvimento de debates, momentos de reflexões, entremeados de convivência e de alguma diversão.

Parte I – A FÉ – SINTA-SE AMADO

A fé é o voo que abdica da segurança e do conforto do ninho de gravetos racionais e alça às alturas, em desafiadora permanência, cuja sustentação se materializa no espaço pelo movimento das asas.

Preparar uma viagem no tempo, com a devida importância, requer celebrar um ritual necessário, espiritual e penitencial. O mergulho nas águas de sérias reflexões requer o amparo da humildade e da fraternidade.

Etapas planejadas, constavam na pauta do Padre Marques Dias, pregador do retiro: rito, reflexões, testemunhos, experiências e partilhas.

A felicidade de ter o Pregador buscado temas e perícopes, resultou em acertada oportunidade de atualização de conceitos teológicos de uma época, que era caracterizada por uma perspectiva de rigorosíssima obediência  aos mandamentos de Deus por medo de castigo, ascendendo para uma teologia que vivencia a fé como experiência do amor divino para com suas criaturas.

Foi fundamental refletir, como introito, sobre a questão “… como professar a nossa fé cristã com convicção e coragem e anunciando para todas as pessoas que só em Jesus encontramos a vida em plenitude! Maria é, também, a mulher da fé. (Lc.1,45).”

O processo da fé, lembrava o Padre Marques Dias, é exercício de cada dia e dura a vida toda. A fé é um caminho, é uma viagem entre a treva e a luz. É uma busca eternamente incompleta, dinâmica, pois que demanda refletir e aprofundar continuamente.

A fé, fortalecida pela oração, é fonte de alimento da Palavra de Deus e, pela comunhão, também experiencial na comunidade.

No horizonte do caminho do amor e da confiança em Deus se aclara a consciência que não basta só ter fé em Jesus, mas é preciso ter a fé de Jesus. A exemplo de Nossa Senhora, por excelência, Maria a mulher da fé. 

Parte II – TEOLOGIA DA ESPERANÇA – AMAR É POSSÍVEL

Seguindo na metodologia andragógica adotada, Pe. Marques Dias trouxe temas à reflexão, que complementam a proposta de compreensão da fé como experiência do amor divino, na perspectiva de sua consequência lógica e vivencial.

Acima das vicissitudes e idiossincrasias do cotidiano, deve prevalecer a percepção de que o amor viável e possível pela fé acolhe, educa e propulsiona a elevação pessoal e comunitária ao patamar da fraternidade em plenitude, prática mútua e recíproca do amor ao próximo, segundo fundamento da vida cristã, indissociável do primeiro.

Água viva da qual, em se bebendo, não se volta a ter sede. Consubstancia-se a fusão na Eucaristia, pão da Vida em abundância. Liturgia da Palavra e da Eucaristia, celebrada na perenidade, no domingo.

Esperança se liga intrinsicamente ao verbo esperançar, cuja essência consiste em atitude ativa de almejar, buscar, propugnar. Diferente de esperar, conotação de passividade, expectativa, contemplação.

Se a fé move montanhas, com a esperança caminhamos ao ponto mais elevado e edificante da vida cristã.

 

 

FOTO DESTAQUE:

(1) Paulo Oliveira, ex-seminarista, beija crucifixo exposto na sala de reuniões.

ARTICULISTAS:

(2) Hélio Maddalena Júnior, ex-seminarista , consultor e missionário.

(3) Pedro Luiz Dias, ex-seminarista, editor do PORTAL UNESER.