Quinta feira do Tempo do Natal Antes da Epifania. A palavra epifania é de origem grega e significa revelação, manifestação, uma teofania (uma aparição divina). Deus aparece e é visto pelo ser humano. Jesus se manifesta e é reconhecido como o Messias pelo ser humano através dos magos do oriente e dos pastores do campo.
Janeiro vai mostrando a sua cara, ensaiando os primeiros passos de um longo ano que teremos pela frente. Hora de projetar os nossos sonhos, sempre pisando no chão da história, para que se concretizem, e tornem realidade. O olhar adiante não impede que vivamos o momento presente da realidade concreta que estamos vivendo. Sonhar os sonhos impossíveis, mas viver na concretude histórica que a vida nos chama. Enfrentar os desafios, de cabeça erguida, sabendo que não estamos sós ao longo desta travessia chamada vida.
Segundo o tempo civil, estamos adentrando o ano de 2025, conforme o Calendário Gregoriano. Já, liturgicamente, estamos no Ano C, ainda no período do Natal, a caminho da Epifania. O Evangelho que iremos refletir ao longo de boa parte deste ano, é o de Lucas. O Ano Litúrgico sempre quer ser uma celebração da ação de Deus no tempo, com os ciclos A, B e C permitindo que possamos participar e aprofundar as principais leituras bíblicas ao longo dos anos. Lembrando que o Ano Litúrgico começa no primeiro domingo do Advento e termina na Solenidade de Cristo Rei do Universo.
A liturgia desta quinta feira, nos faz recordar de um grande personagem bíblico: Joao Batista. É conhecido como o Precursor de Jesus, porque veio para preparar o caminho para a chegada do Senhor. Nasceu em Aim Karim, uma cidade de Israel, filho de Isabel e Zacarias. Viveu como eremita no deserto da Judeia, onde se alimentava de gafanhotos e mel silvestre, e usava roupas simples de pelos de camelo. Anunciava a vinda, a chegada do Messias e o batismo para o perdão dos pecados. Denunciou o pecado e a injustiça naquele contexto, o que acabou levando-o à sua morte.
João viveu a radicalidade profética que o tempo exigia. Com sua atuação, ele fecha o ciclo do Antigo Testamento, abrindo as portas do Novo. Sua atuação gerou dúvida em toda aquela geração, que aguardava a vinda do Rei-Messias. Para eles, João era a personificação do Messias esperado. Todavia, João estava ciente, de que ele não era o Messias, e nem deixou ser tomado pela vaidade de querer colocar-se no lugar d’Ele. Pelo contrário, tratou de afirmar: “Eu não sou o Messias”. (Jo 1,20) O zelo profético tomou conta de seu ser, fazendo da fidelidade, sua bandeira de luta contra as injustiças e os desmandos dos governantes. Seu foco era preparar o caminho para a chegada de Jesus: “Depois de mim vem alguém que eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. (Jo 1,27)
Naquele contexto sócio-histórico, os judeus viviam sob o domínio dos romanos. Todos ansiavam pela libertação e esperavam que um Rei-Messias os liberassem do jugo do poder romano. Desta forma, quando João Batista começou sua pregação, os judeus estavam esperando este Messias, que iria libertá-los da miséria e da dominação estrangeira. João anunciava que a chegada do Messias estava próxima e pedia a adesão do povo, através do batismo. As autoridades religiosas, preocupadas, mandaram investigar se João pretendia ser ele o Messias. João dá uma notícia que os inquietam: o Messias já está presente.
Esta história do Batista nos faz pensar sobre a atuação de nossa Igreja em nossa caminhada de fé. A humildade do Precursor nos desafia a pensar o quanto estamos distantes do projeto originário de Deus. Enquanto João teve a humildade de ser o Precursor e não se colocar no lugar do Messias, alguns dos nossos padres e bispos se acham os tais, vivendo uma vida cheia de adereços, colocando-se eles mesmos acima Daquele que anunciam. Falta-lhes a humildade suficiente para reconhecerem que, mais importante que eles mesmos, está Aquele que anunciam: o peregrino de Nazaré.
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