Segunda feira da 27ª Semana do Tempo Comum. Nossa missão continua com os desafios que nos são postos no cotidiano. Inspirados pela palavra de Deus, cada um e cada uma de nós temos pela frente o dever de levar adiante a mesma missão de Jesus, na perspectiva de construção do Reino entre nós. Outro mundo é possível! Outra sociedade também! Os valores e princípios do Evangelho precisam substituir uma prática de fé embasada apenas no devocionismo de preceitos, normas e dogmas. A fé madura nos leva a adesão ao projeto de Jesus, fazendo de cada um de nós, seguidores e seguidoras d’Ele. Que tenhamos em nós o mesmo sentimento de Santo Agostinho quando diz: “Jesus, é muito difícil Te seguir, mas, é impossível Te deixar!”

Hoje, 07 de outubro, a Igreja Católica comemora o dia de Nossa Senhora do Rosário, que apareceu a São Domingos de Gusmão em 1208, na igreja de Prouille (França) quando, segundo a tradição, Maria entrega a ele um rosário. Em 1573, o Papa Gregório XIII mudou o título da comemoração para “Festa do Santo Rosário” e, graças ao Papa Clemente XII esta festa foi estendida à toda Igreja. Após as reformas do Concílio Vaticano Segundo (1962-1965) a festa foi renomeada para Nossa Senhora do Rosário e tem a classificação litúrgica de memória universal.

Na Festa de Nossa Senhora do Rosário, nosso Papa Francisco nos pede que façamos um dia de oração e jejum pela paz no mundo. Como ele mesmo disse na homilia da Missa de abertura da segunda sessão da XVI Assembleia Sinodal (02), na Praça de São Pedro: “estamos vivendo numa ‘hora dramática’ da história, em que ‘os ventos da guerra e os fogos da violência continuam a devastar povos e nações inteiras’”. Exatamente no dia de hoje, em que está fazendo um ano em que Israel massacra a população da Faixa de Gaza. 42 mil palestinos já morreram, sendo que 7.797 são de crianças, segundo os dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).

Senhora da Libertação, socorrei-nos! Ainda mais hoje em que a liturgia católica nos traz o texto em que o evangelista Lucas registra o momento em que o Anjo do Senhor faz a revelação à Maria de Nazaré. Uma simples mulher de um vilarejo da periferia do mundo, sendo escolhida por Deus para fazer parte como protagonista do projeto libertador de Deus. Maria de Nazaré, a escolhida. Nazaré que estava localizada sobre uma colina a 350 metros em relação ao Mar Mediterrâneo, a 157 quilômetros ao norte de Jerusalém, próximo da divisa com a Síria e o Líbano. Naquele tempo, este vilarejo era um pequeno povoado de não mais de 30.000 metros quadrados. Constituído por um povo simples, suas casas eram compostas geralmente por um único cômodo.

“O anjo entrou onde ela estava e disse: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28) Foi em Nazaré que Maria recebeu o anjo anunciando sua gravidez e, dali, ao lado de José, partiu para Belém para dar à luz ao Filho. Quando a família retorna do Egito, é ali que eles fixam sua morada e passa a ser o local de criação de Jesus. Tamanha sua identificação com a cidade que muitos judeus o chamavam de Jesus de Nazaré. Apesar de um pouco perturbada, Maria não se nega ao chamado de Deus, colocando-se inteiramente em suas mãos, para que se cumprissem assim os seus desígnios: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38). Nesta sua resposta, Maria demonstra toda a sua humildade, entregando-se à ação divina, em profundo mistério, sem pensar nas consequências que adviriam a partir daí.

O texto de hoje está entre aqueles mais belos de todo o Novo Testamento. Deus se comunicando com a humanidade por meio de uma mulher. Ele é que toma a iniciativa e faz questão de contar com a participação feminina em seu projeto salvador. Maria se torna a representante da comunidade de todos os pobres que esperam pela libertação. De seu útero materno, nasce Jesus, o Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção divina de Deus. O Messias, aquele que vai iniciar a nova história, surge dentro da história de maneira totalmente nova. Tudo isso é motivo de alegria para Maria, e também para todos nós, que podemos assim fazer parte da transcendência divinal de Deus, que veio morar definitivamente no meio de nós. Como Maria, saibamos dar o nosso sim de cada dia, e permitamos que o Espírito de Deus faça acontecer às mudanças que precisamos ter! Maria, Mãe dos caminhantes, ensina-nos a caminhar!

Luiz Cassio

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