A Marisa diz que sou saudosista.
Não é bem assim: tenho lembranças daquilo que foi bom …
Ninguém tinha celular.
Nenhuma casa tinha TV.
Mas havia um campinho de futebol. Tínhamos uma bola, um time…e tempo…
Todo o tempo do mundo!
Ah! Não tínhamos dinheiro.
Mas tínhamos disposição pra ganhar uns trocados!
Recolhiamos sucata, limpamos túmulo do cemitério, empurramos carrinho de feira …
Não ninguém do grupo abriu caderneta de poupança…
Tudo era gasto em picolé, sonho na padaria Marli!
Se o ganho fosse maior, íamos ao cinema.
Parque de diversões!
Pipoca colorida e guaraná!
Dividiamos tudo…
Ah! Claro, o Nori não ia ao cinema: ele tinha medo do escuro!
Os cinemas, um a um, foram fechando…
As quermesses da igreja já não são iguais…
Um dia,f az pouco tempo, a padaria Marli foi derrubada.
Fui ver…
Juro, vi todos os mortos lá!
Calalau, Cadu, Calubé, Nori, João Ganso …não vi a Marlene…
Todos estavam vivos,j ovens e absortos discutindo o futuro da nova padaria:
Terá sonho? Picolé de groselha?
O prédio é lindo, imenso!
Padaria São João…
Tá escrito na frente…
Agora seu Erminio, dona Leonor, a Marli não estarão atrás do balcão…
Mas eu irei lá…
Quieto pedirei uma bebida e silenciosamente brindarei ao passado…70 anos atrás!
Só eu envelheçi…eles partiram jovens, enquanto ainda podiam jogar futebol!
Boa noite/tarde gente amiga querida ,que as bênçãos sejam abundantes!
Sabe, hoje as memórias pedem um champanhe…
Eu tenho uma Veuve Cliquot
Vou abrir.
Depois, para o ano novo, compro outra!
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