Quarta feira da Primeira Semana do Tempo Comum. O roteiro proposto é o seguirmos na mesma estrada com Jesus, conhecendo os primeiros passos de seu messianismo. Sua preocupação não era apenas em anunciar com palavras o Reino de Deus, mas promover os gestos concretos de libertação. Como podemos ver, Jesus vai na direção contrária das autoridades religiosas, que usavam da religião para manipular os pobres e manter os seus privilégios de classe.

Meu ofício de rabiscador começou muito cedo hoje, ainda dentro do ônibus, descendo a serra para chegar em Cuiabá. Muita chuva lá fora. Ela nos acompanhou a viagem inteira, ao longo dos 511 km de Barra do Garças, a Cuiabá. Ao que se sabe, a chuva está fazendo estrago em algumas regiões de Minas Gerais, sobretudo no Vale do Aço. Se não mudarmos urgentemente o nosso modo de lidar com o Planeta, vamos colher os frutos amargos de nossa irresponsabilidade.

Jesus, no início de sua pregação do Reino. É assim que a liturgia nos situa, dando continuidade ao texto do Evangelho de Marcos, que refletimos no dia de ontem. O Mestre Galileu, já não está mais no espaço sagrado da sinagoga. O seu deslocamento agora é em direção à multidão de doentes, pobres e marginalizados. Lembrando que a doença naquele tempo era uma maldição, decorrente do pecado que a pessoa havia cometido. No tempo de Jesus, as pessoas pobres sofriam de doenças e, em função disso, eram excluídas da sociedade.

“Felizes de vocês, os pobres, porque o Reino de Deus lhes pertence”. (Mt 5,3) Jesus, não somente se solidariza com os pobres, desvalidos e enxotados pela sociedade, mas diz claramente, que eles são os destinatários primeiros do Reino. É para eles que Deus o enviou como o Messias libertador, trazendo esperança de vida nova na perspectiva do Reino de Deus.

Neste itinerário, em direção à periferia, depois de realizar a cura de centenas de doentes, Jesus depara com a sogra de Pedro acometida por uma febre. Se para a medicina, a febre não é doença em si, mas, uma resposta imunológica do próprio organismo, para os antigos judeus, a febre era uma doença de origem demoníaca. Jesus toma a decisão de libertar aquela mulher e, uma vez, “liberta do demônio”, ela se levanta e põe-se ao serviço, como Jesus, “que veio para servir e não ser servido”. (Mc 10,45)

Jesus é o “Servo Sofredor”, como o próprio profeta Isaías já o predissera. A vocação do cristão é servir. Seguir a Jesus implica em fazer a opção pela vida em serviço, sobretudo em servir àqueles e àquelas que mais necessitam de cuidados. O serviço está na essência do ser cristão. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir é não ser servido.

Numa Igreja em Saída, como quer o nosso Papa Francisco, precisamos estar atentos a este êxodo de Jesus e fazermos o mesmo: do centro para as periferias. Irmos onde o povo está. Descer dos púlpitos das igrejas e pisar no chão batido da luta do povo pobre. Não são as palavras bonitas das homilias alienadas que nos qualificam para o serviço, mas a decisão de estar na luta e servir. “Para seguir Jesus é preciso servir”. (Papa Francisco)