Quarta feira da Segunda Semana da Quaresma. 19 de março. Um dia muito especial para a nossa fé cristã. Celebramos hoje a Festa de São José, esposo de Maria. Um santo muito querido na devoção popular, tanto que é celebrado duplamente no calendário litúrgico: 19 de março, com o nome de esposo de Maria e 1º de maio, como São José Operário. Ele é o santo protetor das famílias e dos/as trabalhadores/as. Lembrando que na data de hoje a Igreja quis celebrar São José, fazendo referência à sua linhagem davídica. Ou seja, São José era descendente do rei Davi, e essa origem é confirmada tanto no Evangelho de Mateus (Mt 1,1-16) quanto no de Lucas (Lc 3,23-38). Sua genealogia (ascendência) demonstra que Jesus, como seu filho legal, pertence à linhagem messiânica.
Segundo os planos de Deus, José foi o escolhido para cumprir uma missão exclusiva, única: ser pai adotivo de Jesus e guardião da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Diferentemente dos grandes reis da linhagem davídica da história bíblica, José preferiu viver no anonimato e na humildade, mantendo-se em silêncio, cumprindo assim a vontade divina, com fidelidade sem precedentes. Tanto que ele não aparece, em nenhum dos quatro Evangelhos, durante a vida pública de Jesus, nem na crucificação no Calvário ou no momento da Ressurreição. Alguns exegetas deduzem que José tenha morrido antes que Jesus iniciasse a sua atividade pública messiânica.
Um operário da vilazinha de Nazaré, dedicado à arte e ofício da marcenaria. Simples como um homem qualquer. De poucos estudos, cuja sabedoria fora adquirida através dos saberes populares. Um homem justo, título adquirido por causa de sua personalidade íntegra. Relacionando com Maria, sua “namorada” ao perceber que ela estava grávida, pensou em repudiá-la em segredo. Todavia, por ser um homem honesto e justo, não quis expô-la publicamente. Entretanto, por sua confiança na pureza e fidelidade de Maria, fora convencido de que algo grandioso estava para acontecer por trás desse mistério, que ele mesmo não compreendia muito bem. Por isso, José, sendo José, decidiu deixá-la em segredo, não por desconfiança, mas por humildade diante daquilo que ele ainda não compreendia plenamente. Um mistério muito grande para o seu “pouco conhecimento”.
São José, um homem de Deus. São José, um colaborador direto do plano salvífico de Deus. Embora desconfiado e sem muito entender todo aquele processo/mistério, tinha a seu lado àquela que, com o seu SIM, revolucionou a história da humanidade. Bastou um sim de uma mulher simples e pobre da periferia, para que a humanidade se dividisse em dois momentos: antes e depois de sua gestação, trazendo em seu ventre aquele que viria transformar toda a história da humanidade. Esta realidade, tão divinamente misteriosa, foi retratada de forma tão simples em uma das estrofes de um dos poemas de nosso bispo Pedro, musicado pelo meu amigo menestrel Zé Vicente: “Por companhia, Maria; como serviço, Jesus; por entre as noites e os dias, o claro-escuro da cruz”. https://youtu.be/ZDMf5aE1rFs
A linhagem davídica de José permitiu que Jesus continuasse e, consequentemente, chegasse ao ápice de toda a história de Israel. Historicamente a árvore genealógica de Jesus apresenta-o como descendente direto de Davi e Abraão. Desta forma, como filho de Davi, Jesus é o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido e anunciado por todos os profetas. Como filho da descendência Abraâmica, Jesus estenderá o Reino a todas as pessoas, através da presença e ação de todos os seus seguidores e seguidoras. Uma história carregada de significados importantes e que nos ligam diretamente ao Deus de Abraão, Isaac e Jacó. Importante lembrar que a descendência Abraâmica nos fez chegar às religiões monoteístas cuja origem comum é reconhecida em Abraão, na sustentação de uma tradição espiritual identificada com ele.
A história de José é carregada de um profundo mistério. A de Jesus também. O Mestre de Nazaré não é apenas filho da história dos homens, cuja participação de José foi sumamente importante. Ele é o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco desde sempre, com a história da Criação. Em Jesus, Deus inicia uma nova história, uma Nova Aliança (já antes prometida), em que Ele veio estabelecer sua morada definitiva no meio de nós, com a encarnação do Verbo. Espelhando-nos na vida de José, este grande servidor do Reino de Deus, hoje é o dia em que devemos tirar lições para a nossa vivência no dia a dia. Como vimos, José não procurou os seus interesses e satisfações pessoais, mas colocou-se inteiramente a serviço dos que amava: Maria e Jesus. O seu amor por Maria, visou unicamente e exclusivamente em servir a vocação a ela que fora chamada por Deus. Assim, ambos se tornaram os servidores maiores da inauguração do Reino de Deus no meio de nós, através do Filho gestado por eles. Como bem definiu o Papa Francisco sobre São José: “Um grande santo a quem entregar a própria existência. Sejam sábios como ele, prontos para compreender e colocar em prática o Evangelho”.
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