Quarta feira da Décima Sétima Semana do tempo Comum. Estamos virando a página, findando mais um mês. Julho se despede em clima de Lua Minguante. No momento, ela está visível apenas 23% aos nossos olhos. Dentro de quatro dias, ela estará inaugurando uma fase: Lua Nova. Já o clima de inverno aqui pelas bandas do Araguaia segue de noites mais frias, mas, durante o dia, o senhor Sol reina absoluto, com tardes de calor. Sempre uma oportunidade a mais para dar uma volta pelo rio e deixar-nos jogar em suas águas, aproveitando das belas praias que a cada ano se formam por aqui, provocando um cenário paradisíaco.
Santo Inácio de Loyola. Hoje é o seu dia. A Igreja Católica celebra no dia de hoje a memória deste presbítero, místico, fundador da Companhia de Jesus, os Jesuítas, em 1534, junto com Francisco Xavier e demais companheiros. Nascido com o nome de batismo Iñigo Lopez de Loyola, em 1491, na Espanha, filho de família nobre, rica, sendo o mais novo de uma prole de 13 irmãos. Ele é considerado o Padroeiro dos Retiros Espirituais. Morreu no dia 31 de julho de 1556, em Roma, na Itália. Foi canonizado pelo Papa Gregório XV em 12 de março de 1622. Como místico que foi, uma de suas frases nos ajudam a pensar a nossa fé em clima de oração: “Orai como se tudo dependesse de Deus, e trabalhai como se tudo dependesse de vós”. No dia de Santo Inácio, lembremo-nos do arcebispo argentino Jorge Mario Bergoglio, o primeiro jesuíta eleito Papa, em 2013.
Reino de Deus ou Reino dos Céus? Enquanto alguns de nós acreditamos que o Reino de Deus e Reino dos Céus estejam se referindo a coisas distintas, ambas as frases referem-se à mesma coisa. Lembrando que a frase “o reino de Deus” ocorre 68 vezes em 10 diferentes livros do Novo Testamento, enquanto que o “reino dos céus” ocorre apenas 32 vezes, e somente no Evangelho de Mateus. Como este evangelista está escrevendo para a comunidade judaica, ele achou mais apropriado usar esta linguagem, por causa da relutância semítica em proferir o nome divino. O Reino de Deus é a soberania de Deus sobre seu povo. Reino dos céus é uma metonímia (figura de linguagem) em Mateus, que usa o nome da morada (céus), em lugar do nome do morador (Deus).
Mateus é de todos os evangelistas, aquele que apresenta uma didática mais clara ao longo de todo o seu evangelho. Pedagogicamente, o seu Evangelho está dividido em cinco “livrinhos”, cada um contendo uma parte narrativa, seguida de um discurso/ensinamento de Jesus. Se atentarmos um pouco mais, vamos perceber que Mateus escolheu os episódios de cada parte narrativa, de modo a ilustrar o discurso subsequente. Assim, cada discurso resume e explica o que está contido nessa narrativa. Didaticamente, cada palavra de Jesus é sempre apresentada como resultado de uma ação, e toda ação é sempre ensinamento, anúncio, de tal forma que o leitor é convidado a olhar para dentro de si mesmo, a fim de descobrir a presença de Jesus, que ensina a prática da justiça.
Como já dissemos em outra ocasião, o capítulo 13 de Mateus, é o coração de seu Evangelho. Nele estão concentradas as sete parábolas contadas por Jesus sobre o “Reino dos Céus”. No texto proposto pela liturgia para o dia de hoje, estamos diante de duas destas parábolas: “O tesouro escondido no campo”; “o comprador de pérolas preciosas”. Três versículos apenas, que nos apresentam o Reino de Deus sendo comparado como um tesouro encontrado no campo, e da pérola desejada e finalmente comprada, acentuando a alegria daquele que compreendeu o valor do Reino de Deus e dá tudo de si, para adquirir o tesouro e a pérola. Todavia, o maior ensinamento destas duas parábolas está na atitude de entrega total exigida daqueles e daquelas que desejam adentrar ao Reino. Sem nenhum esforço, seja de quem for, não se chegará a experimentar a presença do Reino em si. Como diria o santo que estamos celebrando hoje: “A vitória mais bela que se pode alcançar é vencer a si mesmo”.
O Reino de Deus não cai do céu, como algo mágico e sem esforço pessoal, mas acontece a partir da adesão e entrega total de quem o quer nele estar. Para entrar no Reino é necessária uma decisão pessoal. Aderir a Jesus e ao Reino anunciado por Ele exige dedicação, prontidão e renúncias. Apegar-nos a seguranças, mesmo que sejam religiosas, não nos dá a garantia de que já teremos o Reino em nós. Engana-se que pensa que “Reino de Deus” ou “Reino dos Céus” se referem apenas a um futuro distante no céu. Nem que o Reino de Deus está programado para o futuro. Talvez daí tenha surgido a expressão tão forte para alguns setores mais conservadores, da preocupação de “salvar a alma”. Quando questionado pelos fariseus sobre a vinda do Reino de Deus, Jesus prontamente lhes responde: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: Está aqui ou está ali, porque o Reino de Deus está no meio de vocês”. (Lc 17,20-21) Ou seja, é inútil procurar sinais misteriosos da vinda do Reino. Ele já está presente em qualquer lugar onde a ação de Jesus é continuada.
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