Sexta feira da 27ª Semana do Tempo Comum. Outubro segue sextando, prenunciando a Festa de Nossa Padroeira. No mês missionário, abramos o nosso coração como fez a Mãe, e deixemos Deus entrar e fazer morada nele. Ser missionário e missionária, não precisamos pertencer a esta ou aquela instituição, mas fazer a adesão consciente ao projeto de Deus revelado em e por Jesus. Como seguidores e seguidores d’Ele, nossa missão é dar continuidade às ações d’Ele, deixando que o Espírito Santo, conduza o nosso ser, pensar e agir. Não basta falar das coisas de Deus. É necessário vivê-las, para que a nossa vida se converta ao sonho de Deus. Converter é mudar de caminho, mudando também as atitudes; alcançando o nosso modo de ser, viver, agir e pensar.
Hoje é dia de festa. Neste dia 11 de outubro, a Igreja celebra a memória do Papa João XXIII, ou São João XXIII (1881-1963). Sucedeu ao Papa Pio XII e antecedeu ao Papa Paulo VI. Renovador da Igreja, promotor do ecumenismo e defensor da paz, o “Papa Bom”, como era chamado. Seu pontificado foi relativamente curto, devido à sua idade avançada. Durou de 28 de outubro de 1958 a 3 de junho de 1963, data da sua morte. Foi considerado o Papa da transição. Foi ele quem convocou o Concílio Vaticano II (1962-1965), considerado a “primavera para a Igreja”, já que representou um “aggiornamento”, ou seja, uma atualização profunda da Igreja. Com este Concílio, a Igreja abre as suas portas e janelas para respirar os ares da modernidade. Também as suas encíclicas “Mater et Magistra” e “Pacem in Terris”, vieram nesta mesma direção, marcando o pensamento da Igreja em relação à justiça social e à paz universal.
São João XXIII teve participação decisiva para o avanço da Igreja, rumo aos desafios da modernidade. Mesmo com toda a resistência, enfrentada por aqueles que não aceitavam as mudanças, considerando-o um “Papa herético”, que estava colocando em risco a fé, ele mudou a Igreja, embora não vivendo o suficiente para ver as transformações advindas do Concílio Vaticano II. O Papa Francisco o canonizou em 27 de abril de 2014. Mesmo com os avanços deste Concílio, sobretudo com a Reforma Litúrgica, a Igreja precisa ainda buscar novos rumos, no sentido de fazer valer o Projeto de Deus revelado em e por Jesus de Nazaré. Que esta frase dita pelo “Papa Bom” seja a nossa inspiração: “A bondade atenta, paciente e generosa chega muito mais longe e mais rapidamente do que o rigor e o chicote.”
“Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”. (Lc 11, 23) Esta, talvez seja a frase norteadora de todo o projeto messiânico de Jesus, que o Evangelho lucano de hoje nos faz refletir. Jesus expulsando um demônio que se alojara no corpo de um pobre infeliz, e sendo acusado de realizar tal procedimento com o auxílio de belzebu, o príncipe dos demônios, uma entidade mitológica que era adorada pelos filisteus, conforme o segundo Livro dos Reis: “Ocozias caiu da sacada de seu quarto, em Samaria, e ficou ferido. Então mandou mensageiros com o seguinte encargo: Consultem Baal-Zebub, deus de Acaron, para ver se vou sarar destas feridas”. (2Rs 1,2). Belzebu é a forma grega do nome Baal-Zebube, um deus pagão A palavra tem duas partes: Baal, que era o nome dos deuses da fertilidade cananeus no Antigo Testamento; e Zebul, que significa “habitação exaltada”. Juntando as duas partes, elas formam um nome para o próprio Satanás, o príncipe dos demônios.
Jesus tinha pleno conhecimento de que seus sinais (milagres) não tinha nenhuma relação com Satanás ou Belzebu, ou com qualquer outra divindade ou ser mitológico da época. Suas obras são realizações de Deus. Por este motivo, Ele usa o mesmo argumento para rebater seus acusadores. Aproveita do ensejo para falar também das divisões entre grupos e ou familiares, para que seus discípulos se convencessem dos possíveis erros que eles estavam cometendo. Resumindo, a cura do endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar a pessoa humana da alienação que a impede de falar , ouvir, andar. Desta maneira, a ação de Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age com Jesus, torna-se adversário. “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, espalha”. (Mt 12,30) Quem não age com Jesus, torna-se um adversário. De que lado você está mesmo?
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