Quinta feira da 25ª Semana do Tempo Comum. A estação da primavera se faz presente no meio de nós, neste 270º dia que estamos atravessando. A natureza que restou do fogo, se veste de um verde muito vivaz, destoando da terra arrasada que veio com as queimadas. O mistério de Deus se fazendo presente na força que se renova, trazendo mais vida para a criação. Na primavera a beleza encontra sempre um jeito de florescer novamente, colorindo de esperança o ar. Fazer de nossa vida uma constante primavera é a saída para construirmos outro mundo possível, em que saibamos valorizar e integra-nos à vida que brota da Mãe Terra.

Dia 26 de setembro. Nesta data comemoramos o Dia Nacional dos Surdos e Dia Internacional da Linguagem de Sinais. O objetivo primeiro dessa data é propor a reflexão e o debate sobre os direitos e a luta pela inclusão das pessoas surdas na sociedade. Lembrando que no Brasil, a Lei nº 10.436/2.002 foi um marco determinante para a comunidade surda brasileira, ao reconhecer a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão e determinar o apoio na sua difusão e uso pelo poder público. De saber que os surdos constituem 3,2% da população, uma cifra de aproximadamente 5,8 milhões de pessoas brasileiras.

Ontem me dei uma folga na arte de rabiscar por aqui. Madruguei na estrada, a caminho das aldeias Xavante, do Território Indígena de Marãiwatsédé. Percorri 7 das 21 aldeias existentes no território, perfazendo um total de 960 km neste trajeto. Fui ver mais de perto a situação das escolas indígenas destas aldeias, e também a reais condições dos indígenas mediante o fogo. Muita desolação. O fogo tomou conta de tudo, ameaçando todos nas aldeias, mulheres crianças e anciãos. Como a maioria das casas é de palha, uma pequena fagulha já é o suficiente para uma grande destruição.

Encontrei-os muito preocupados. Em todas estas aldeias que passei, ouvi relatos de que o fogo fora colocado propositalmente por pessoas (waradzu – branco) de moto que passavam pelas estradas entre uma aldeia e outra. Ainda assim, algumas pessoas moradoras nas cidades vizinhas, insistem na linguagem do senso comum, de que são os “índios” que colocam fogo na mata. Jamais fariam isto, até porque, é da mata que eles retiram grande arte de sua alimentação, já que são caçadores/coletores, daí a atitude de reverência e respeito ancestral para com a Mãe Natureza. Voltei para casa, cansado e abatido, mas também esperançoso, de que o meu lutar não será em vão.

Hoje estou aqui refletindo, rezando e meditando sobre tudo o que os meus olhos viram ontem e o meu coração sentiu, estando com aqueles que são uma das razoes do meu viver. O Deus de infinita misericórdia nos deu o seu Filho para ser um de nós na nossa história. O Verbo Encarnado é a Palavra viva de Deus, cumprindo a sua promessa, de que Ele seria Deus-conosco, e que não estaríamos sozinhos nas trilhas de nossa história. Nossa força vem da força do Filho que se deu por inteiro a nós, rompendo todo e qualquer distanciamento entre nós e Ele. Jesus é esse Deus presente no meio de nós e nos faz irmandade na grande família de Deus. Esta porção de Deus está dentro de cada um de nós, mesmo que alguns dos nossos, não permitem que ela se manifeste.

Estamos diante de uma situação bem peculiar, de alguém que se negou a conhecer mais de perto a este Jesus. Estamos falando do tetrarca Herodes, que o texto lucano de hoje, narra um de seus momentos diante de Jesus de Nazaré. “Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” (Lc 9,9) Este “nobre governador” não queria conhecer realmente Jesus, mas apenas vê-lo, já que dentro da sua perspectiva de poder, Jesus ameaçava a sua popularidade, com as ações concretas que realizava, sobretudo no meio dos empobrecidos daquela época. Ao contrário das autoridades religiosas e politicas, Jesus desenvolvia um caminho, cuja pedagogia consistia em ensinar a fazer a história dos pobres que buscam um mundo mais justo e mais humano. Assim, a palavra e ação de Jesus deixam o povo e as autoridades sem saber o que pensar. A presença d’Ele ali força todos a se perguntarem: “Quem é esse homem?” Todavia, não basta saber quem é Jesus. É necessário que façamos o conhecimento pleno d’Ele, para que possamos seguir fazendo aquilo que Ele fazia, independente de onde estivermos nós.