Quinta feira de Sétima Semana do Tempo Pascal. Retomando aqui meu ofício de rebiscador, para dar cabo da minha missão de refletir o tempo litúrgico e evangelizar-me, à luz da Palavra de Deus. Eu que me afastei por estes dois dias, estando em viagem para chegar até aqui, a casa do Padre Pereira, em Santa Bárbara do Oeste. Como diz a canção: “Achei difícil a viagem até aqui, mas eu cheguei”.

Três dias apenas nos separam do encontro com o Espírito Santo, em Pentecostes. A força que vem de Deus visitando a nossa fraqueza humana, nos divinizando com Ele, justamente na semana em que fomos convocados a rezar pela Unidade dos Cristãos, com o tema: “Amarás o Senhor teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10, 27). Unidade que, como veremos, o Evangelho de hoje vai nos desafiar.

Passando rapidamente por Goiânia, encontrei um tempinho para estar junto com a família Canuto/Dailir. Tempo suficiente para colocar a boa prosa em dia. Estar com Canuto, não há como não trazer a baila, a nossa querida Igreja da Prelazia de São Félix do Araguaia. Entre uma garfada e outra, relembramos os bons tempos desta igreja, sob a batuta profética de Pedro. Bons tempos povoando nosso imaginário eclesial.

Falamos do legado de Pedro. O legado deste nosso eterno pastor está no ar e precisa ser revitalizado. “Uma Igreja da Amazônia…” é ainda o sonho desta Igreja ser, profética, poética, trazendo em seu DNA, a mística dos Mártires da Caminhada. Ser Igreja identificada com as causas da vida, na sua clara opção preferencial pelos pobres, de ontem e de hoje. Um jeito de toda a Igreja ser.

“Que todos sejam um” (Jo 17,21) Este é o grande recado dado por Jesus no dia de hoje, manifestando o seu desejo de que os discípulos assumissem este compromisso com seriedade e coragem. Comprometer-se com Ele, de levar adiante, através do testemunho, a Boa Nova do Reino. Ser unidade na proposta de amar, até às últimas consequências.

Ser um com Jesus. Ser unicidade entre nós, como o Pai e o Filho o são. Onisciência e onipresença em forma de mistério teologal. O tempo não é para dispersar, e cada um seguir no seu caminho egoísta e individualizado, mas de não soltarmos as mãos de ninguém, pois Pai e Filho se fazem presença divina em nós.

“Pai santo, eu não te rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela sua palavra”. (Jo 17,20) Depois de pedir pelos seus discípulos ali com Ele, Jesus amplia o horizonte, e intercede por todos os que n’Ele acreditam, pela escuta atenta da palavra anunciada. Em sintonia com o Pai, reza por cada um de nós, para que vivamos em união e unicidade semelhante a que existem entre o Pai e o Filho, e que participemos ativamente dessa união e nessa unidade: “Pai, quero que onde Eu estou, também estejam comigo os que me deste, para que vejam a minha glória”. (Jo 17,24)