Nelson Peixoto. Diretor de Liturgia da UNESER.

Essa iluminação afirmativa não é minha, mas me dá muita esperança para continuar crendo na Vitória da Cruz, germinada na morte de Jesus e solidária com os condenados do mundo, tanto faz se pelas religiões ou pelos governos ditados pelas leis e práticas econômicas.

Mas a nossa Páscoa acontece no “cronos” dos dias festivos de Jerusalém. Tornou-se “kairós” de graça da memória revivida na Semana Santa, fechando a Quaresma. É o tempo como “aion” que determina o amor ilimitado de Deus, Pai de Jesus, desde a Criação, no seio de Maria, na Cruz e no túmulo vazio. E para sempre na meio de nós e conosco fazendo o Reino crescer.
A plenitude do tempo que chegava ao fim e ao novo começo. Domingo de Ramos com a entrada em Jerusalém, aclamado numa expectativa triunfante de Messias revolucionário, à moda do império da violência.
Na Quinta-Feira , instituindo o sacramento do lava-pés como prova de discipulado de seguimento e do sacramento memorial eterno do que aconteceria com seu Corpo e Sangue, a ser sempre lembrado, cada vez que fosse realizado.
Enfim, na Sexta-feira, o desfecho da sentença de morte articulada e planejada para o irredento revolucionário sem armas que se deixa prender, ser maltratado, punido e morto como condenado por Deus. Tudo por Amor, até então, perdido.
Na dor suprema, sofre o abandono dos seus, restando apenas mulheres que seguiam de longe, porque se sentiram tão amadas, por Aquele que passou a vida insurgindo contra o modus vivendi da exploração político-religiosa, mas fracassou.
O Domingo da Páscoa da Ressurreicão de Jesus é o Dia da Insurreição em que o Amor Misericordioso de Deus gerou a Palavra da nova Recriação da Humanidade, por meio do Filho amado que viveu a solidariedade com os crucificados de todos os tempos.
Desta vez, o aniquilamento de Deus ou da sua morte, proclamou a vitória da Vida e da Justiça que não dependerão mais das Leis. A partir de então, é o amor infinito e sem barreiras que avança no tempo até a consumação final como Reino de Deus plenificado.
O Amor sem limites de Deus, trará perdão disponível até para os opressores. Ninguém escapará das graças do Pai bom que pensa em todos e em cada um, porque já deu a vida e não pode perder nenhum.
As portas do inferno não prevalecerão contra ninguém, pois quem desceu lá, libertou os cativos e fechou as portas para sempre, fazendo a maior insurreição contra os maus ditos dos juízes sem misericórdia da aplicação das leis deste mundo.
Esta descida entre os “mortos vivos” da opressão é, igualmente , o processo de solidária libertação dos porões de todas as ditaduras e sistemas sub-humanos.
Os condenados deste mundo ressurgirão das sombras e se insurgirão, destronando os poderosos que verão ruir seus palácios e suas fortunas.
Haverá misericórdia disponível, uma torrente de luz que o Pai vai enviar sobre eles para que reconheçam quão insustentável e inútil foram as tramas da morte.
A Ressurreição de Jesus será definitivamente a aura de santidade dos perseguidos que vão segurar seus verdugos pelas mãos para que não se percam e entrem na mansão dos esquecidos.
Jesus os colherá do chão infernal e os conduzirá para o banquete do Reino, quando com lucidez e sem impedimentos afetivos, se deixarem abraçar.

Eterna é a sua misericórdia! Ele é o alfa e o ômega, princípio e fim, no tempo e na eternidade, com todos os seus filhos!

FELIZ PÁSCOA!