Quarto Domingo do Tempo do Advento. O Natal Já vem apontando no horizonte de nossa esperança. Três dias apenas nos separam do grande dia, da chegada da criança de Nazaré. A vilazinha de Belém aguarda em festa a chegada d’Ele. Mais uma vez, Deus faz questão de visitar o seu povo, através de uma criança empobrecida, mostrando-nos que a sua lógica não passa pela arrogância e prepotência dos poderosos. No Natal a magia de Deus se faz mistério de esperança sonhada, na vida do Menino Deus irradiando luz em nós.
Domingo da alegria! Domingo da esperança! Domingo do Sonhar de Deus, se fazendo realidade em cada um de nós. Sonhar o sonho de outro mundo possível, onde as coordenadas do amor se traduzam em gestos concretos de solidariedade, partilha, igualdade e paz. Não de uma paz, que se move pelas armas de guerra, mas que seja fruto da justiça. “A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar”. (Martin Luther King)
Rezei nesta manhã de domingo, ainda deitado acompanhado pelos pingos da chuva, em mansidão, caindo no telhado. São Pedro não economizou na água, desbravando a madrugada. O Mistério de Deus na água que desce do céu e irriga a terra, fazendo brotar a semente da nova vida com os frutos do esperançar de Deus. “Todo ramo que em mim não dá fruto Ele o corta”. (Jo 15,2)
O texto da liturgia deste Quarto Domingo do Advento, nos traz, mais uma vez, a perícope em que Lucas narra a “visitação” de Maria à sua prima Isabel. Uma jovem adolescente, visitando uma senhora, já avançada na idade. Uma virgem grávida, encontrando-se com uma mulher estéril, mas grávida. Duas gerações distintas de mulheres marginalizadas pela sociedade de sua época, num tempo em que, ser mulher, significava ser símbolo de subalternisade e exclusão e marginalização.
Deus que escolhe caminhos adversos para fazer acontecer seu Plano de Amor para a humanidade. Na contramão da história, Deus subverte os valores humanos. A lógica de Deus não passa pela lógica humana. Duas mulheres marginalizadas, são as protagonistas do sonho de Deus. De onde não se podia esperar nada de novo, Deus se faz o novo na vida de duas mulheres.
A amorosidade de Deus presente em dois corações femininos. Isabel não teve dúvidas de que Deus pudesse fazer as transformações que aconteceram em sua vida. Zacarias duvidou. María não pensou duas vezes, e entregou confiante nas mãos de Deus. José, ao contrário, se esquivou e pensou em fugir da raia, sem querer enfrentar a situação, se não fosse convencido pelo anjo de Deus.
Essas mulheres maravilhosas nos ensinando a viver a vida verdadeira. Mostrando-nos o caminho da arte de sermos felizes. O protagonismo feminino em alta. O coração de Deus inflado com o jeito feminino de ser. Elas com toda amorosidade do ser feminino, desbravando a lógica machista patriarcal de uma sociedade hipócrita e mesquinha. Mulheres que ainda são marginalizadas pelos “donos” do poder hierárquico clerical de nossa Igreja. De saber que elas, mesmo carregando as comunidades (igreja), em suas costas, estão a anos luz do poder de decisão. Significa que a hierarquia católica nada entendeu da proposta de Deus em fazer das mulheres, as protagonistas primeiras do Reino de Deus.
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