29º Domingo do Tempo Comum. Mais cinco outros domingos e encerramos o Período Litúrgico do Tempo Comum. Período este, iniciado no dia 9 de janeiro de 2024. É o mais extenso do calendário litúrgico. São 34 semanas ao todo, culminando com a Solenidade de Cristo Rei. Com a celebração da Solenidade de Cristo Rei entramos na última semana do ano litúrgico, e na semana seguinte inicia-se o tempo do advento e o novo ano litúrgico. Esta é a dinâmica que a Igreja Católica estabeleceu, desde a Reforma Litúrgica, ocorrida no Concilio Vaticano II (1962-1965) Esta divisão surgiu para que possamos viver e participar com fé e alegria das celebrações ao longo de todo ano litúrgico, contemplando a vida e o ministério da encarnação de Jesus.

Um domingo especial. Todo domingo é especial, mas neste, em todo mundo, estamos celebrando o Dia Mundial das Missões. Uma data dedicada à oração, onde teremos a oportunidade para refletir sobre a importância da evangelização e o compromisso com aqueles que ainda não conhecem a mensagem cristã. Oração e ação! Somos convidados a nos unirmos em comunidade, para rezar e praticar a solidariedade, com gestos de generosidade, que podem transformar vidas. Lembrando que o tema para este ano é: “Ide, convidai a todos para o banquete”. Há muitas vidas necessitadas de cuidados, e nós podemos fazer a diferença, através das nossas vidas, uma vez que, só conseguiremos o melhor das outras pessoas, quando damos o melhor de nós mesmos. Praticar a esperança, sendo esperança viva na vida das pessoas!

Minha conversa com Deus, em forma de oração, começou ainda muito cedo hoje. Como estava escalado para presidir a celebração com a comunidade catedral de São Félix, aproveitei para rezar, com o templo ainda fechado, e eu num caninho ali, diante daquele lindo painel, uma obra de arte do pintor espanhol Maximino Cerezo Barredo, grande amigo de Pedro. Senti-me como um daqueles, carregando a cruz com o Ressuscitado à frente e, automaticamente lembrei-me daquilo que nosso bispo sempre nos dizia: “nossa missão, como ‘testemunhas fieis’, é descer da cruz os crucificados da história”. Conclui aquele momento com as palavras do salmista: “O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador; o meu Deus é o meu rochedo, em quem me refugio. Ele é o meu escudo e o poder que me salva”. (Sl 18,3)

Neste domingo, somos chamados a refletir com o Evangelho de Marcos, aceitando o desafio de não nos comportamos como os dois discípulos de Jesus: Tiago e João. Numa disputa pelos melhores lugares, estes dois irmãos, deram uma clara mostra de não terem entendido nada daquilo que Jesus lhes houvera ensinado: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!” (Mc 10,37) Ao que Jesus os coloca em seus devidos lugares, como aqueles que foram chamados para servir e não serem servidos: “quem quiser ser grande, seja vosso servo de todos”. (Mc 10,43)

Lembrando que o contexto da narrativa de Marcos é o caminho de Jesus rumo à Jerusalém. Caminho este que os exegetas o denominam, não apenas como um percurso geográfico, mas pedagógico e também teológico, já que Jesus continua a sua catequese, ensinando os discípulos, sobre as exigências do Reino e anunciando a sua paixão, morte e ressurreição. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os próprios companheiros de discipulado. Todavia, Jesus mostra que a única coisa importante para seus seguidores e seguidoras, é continuar o exemplo d’Ele: servir e não serem servidos. Ou seja, no projeto do Reino, a autoridade não é exercício de poder, mas doação e entrega total de si mesmo a serviço do bem comum.

Pelo Batismo, somos todos e todas, missionárias e missionários do Reino de Deus! Não é buscando os primeiros lugares, privilégios e benesses, que nos faremos seguidores de Jesus, estabelecendo uma competição entre as pessoas. Infelizmente, boa parte de nossas lideranças religiosas, ainda seguem com o mesmo espírito de Tiago e João, na busca pelos melhores lugares. Bispos e padres que se comportam como verdadeiros monarcas medievais, a espera que os outros os sirvam, não se colocando na atitude de estarem sempre prontos a servirem, como quer Jesus: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” (Mc 9,35) Quem é o maior? Jesus mostra que a grandeza da nova sociedade criada por Ele não se baseia na riqueza e no poder, mas no serviço sem pretensões e interesses mesquinhos. Que sejamos inspirados pela fala de um dos livros sapienciais: “Confie no Senhor com todo o seu coração, e não se fie em sua própria inteligência. Pense n’Ele em todos os seus caminhos, e Ele o guiará”. (Prov 3,5-6)

Luiz Cassio

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