Segundo Domingo do Advento. Estamos iniciando a Semana da Alegria, a segunda dimensão deste tempo litúrgico. A segunda vela do Advento sendo acesa, provocando em todos nós a alegria de irmos ao encontro do Deus Menino que vem, renovar a esperança da história da humanidade. Mais uma vez, Ele quer nascer e encontrar e encantar os corações abertos que O acolham, espalhando a paz e a justiça do Reino. O Deus da alegria, vindo ao encontro dos seus, para estabelecer sua morada definitiva. Vem, Senhor Jesus e faça de nós, seguidores seus! Nossa morada é a sua morada!
Rezei nesta manhã num ambiente diferente e distante de casa. Fui um dos primeiros a chegar na Igreja Matriz de Santo Antônio, aqui na cidade de Barra do Garças. Como sempre faço, trago comigo aqueles e aquelas, amigos e amigas lá de fora, que querem participar destas minhas humildes preces. É desta forma que recomeço cada dia, intercedendo à Deus pelo seu cuidado com a criação e dos filhos e filhas que labutam nesta vida pelo pão de cada dia. Melhor do que fazer novos amigos é conservar e cuidar dos velhos que temos. Rezo, cuidando e cuido, rezando!
Se o Domingo é o Dia do Senhor, o de hoje é mais do que especial, pois é o Dia Dela também, a Mãe de Deus e nossa. Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria. O Segundo Domingo do Advento, coincidindo com a Festa dela. Ocasião propícia para recordarmos a intervenção divina de de Deus na história da humanidade, de forma tão extraordinária, e ao mesmo tempo de maneira tão simples e humilde, recorrendo à uma mulher pobre da periferia de Nazaré, fazendo dela, a porta de entrada do projeto libertador de Deus para a humanidade. Só podia ser uma Maria mesmo!
Deus que escolhe uma mulher marginalizada, fazendo nascer em seu ventre, o Filho Unigênito. Deus que tem lado, o lado dos pobres, excluídos e marginalizados. Faz nascer o seu rebento, não nos palácios dos grandes centros, mas num casebre de um casal de empobrecidos, Dona Maria e seu zé. Deus, que conta com a participação decisiva de uma mulher e a faz protagonista da libertação de todos nós. Os mistérios da transcendência de Deus se fazendo imanência no ventre de uma mulher.
“Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38) Poderia ser diferente, caso Maria recuasse e não desse o seu Sim verdadeiro. Mas, como toda grande mulher, ela abre o seu coração e se entrega totalmente nos braços do Pai, gestando em seu ventre Aquele que viria mudar toda a história da humanidade. Uma mulher extremamente corajosa, pois passa por cima de todo o preconceito e da marginalização de que era vítima na sociedade de seu tempo.
“Alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo”. (Lc 1,28) Empoderada por Deus, Maria se torna a digna representante da comunidade dos empobrecidos que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. Nela, o sonho de Deus se torna realidade, acontecendo na história da humanidade. O fato de Maria gestar em seu ventre e conceber sem ainda estar coabitando com José, indica que o nascimento do Menino Messias é obra da intervenção de Deus. Ou seja, Aquele que vai iniciar uma nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova.
Um Sim que muda tudo! Eis-me aqui! Conta comigo! Tamos juntos pro que der e vier! Deixa comigo! Esta é que deve ser também, a atitude de cada um de nós, diante do plano que Deus tem para nós. Estar em sintonia com este projeto é ir ao encontro dos empobrecidos e marginalizados, destinatários primeiros deste da ação libertadora de Deus. Pena que o padre da celebração de hoje, não conseguiu fazer, em sua homilia, uma hermenêutica (interpretação), que colocasse os pobres no centro do projeto evangelizador da Mãe. Fiquei dali no meu cantinho esperando, mas não fez esta conexão. Celebrar a concepção virginal da Mãe é enaltecer a vida de todas estas mulheres maravilhosas que Deus colocou em nossas vidas, já que mais da metade da humanidade é constituída delas, e os que restamos, somos os filhos delas. Viva a Mãe de Deus e nossa!
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