Terça feira da vigésima sétima semana do tempo comum.
A Igreja hoje está em festa. Solenidade de um de seus maiores expoentes, São Francisco de Assis. (1181/1182-1226). Um santo italiano da Idade Média (séculos V-XV), um dos períodos mais conturbados e turbulentos da História da Igreja. De família nobre, abandonou tudo para viver na radicalidade evangélica com os pobres. Rompeu, inclusive, com a estrutura piramidal da Igreja de sua época para se fazer pobre com os pobres. Promoveu um dos movimentos mais revolucionários de sua época, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, renovando não somente o catolicismo, mas o cristianismo como um todo.
São Francisco, o santo da ecologia e dos animais. Amigo dos homens e dos animais. Já naquele tempo, um verdadeiro defensor da Casa Comum, preocupado com as questões que envolviam a natureza. A todos chamavam de irmãos e irmãs, numa sintonia perfeita com os filhos e filhas da Criação de Deus. O santo padroeiro dos animais que nos ensinou a empatia e a simplicidade de um verdadeiro seguidor de Jesus de Nazaré. Um arauto da paz na inquietude, de fazer acontecer a justiça do Reino de Deus aqui e agora na nossa história. Num mundo marcado pela discórdia, pela violência e pelo ódio gratuito, São Francisco é o protótipo da paz inquietante que tanto queremos.
https://www.youtube.com/watch?v=1ISTL_S4AzY
Conheci e convivi com alguém que admirava São Francisco de Assis, embora sendo Claretiano. Pedro encarnou em si o espírito Franciscano de viver. Radicalidade evangélica a toda prova. No jeito de ser e de viver. Testemunha fiel do Cristo Ressuscitado, vivo e presente nas nossas lutas e na companhia da “Comadre de Nazaré”. Fez de um de seus poemas seu lema de vida: “Não ter nada. Não levar nada. Não poder nada. Não pedir nada. E, de passagem, não matar nada; não calar nada”. Um Claretiano/Franciscano desbravando as terras mato-grossenses, na procura da justiça do Reino para os pequenos: indígenas, ribeirinhos, posseiros quilombolas, mulheres. Os pobres tendo voz e vez na pessoa do bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia.
Pedro acreditava também que a paz é fruto da justiça. Fazia consonância com os documentos da Igreja, sobretudo Medellín (1968) e Puebla (1979). Tudo conforme diz a Doutrina Social da Igreja (DSI) que nos assegura que não pode haver paz numa sociedade injusta e desigual. Numa alusão ao profeta Isaías: “A paz é fruto da justiça”. (Is 32,17). Paz que se fundamenta na esperança de um mundo novo onde reine a justiça e o direito que geram paz e a prosperidade para os pequenos. Paz que Pedro a manifestou assim em um de seus poemas: “A PAZ do pão da fome de justiça, A PAZ da liberdade conquistada, A PAZ que se faz “nossa” Sem cercas nem fronteiras, Que é tanto “Shalom” como “Salam”, Perdão, retorno, abraço…” (A Paz Inquieta – Pedro Casaldáliga)
https://www.youtube.com/watch?v=Y_tCLYfZ0BY
No dia de São Francisco de Assis e da comunidade Franciscana em festa, a liturgia nos brinda com um belo texto extraído do evangelista São Lucas. Jesus, na sua longa peregrinação rumo à Jerusalém está visitando suas duas grandes amigas e discípulas, Marta e Maria. “Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. (Lc 10, 38) Provavelmente na região da Samaria, que era o caminho natural entre a Galileia e a Judeia, mas os judeus costumavam evitar esta a região, mesmo tendo que percorrer um caminho mais longo atravessando toda a Decápolis. Mais do que uma visita de cortesia, Jesus aproveita para quebrar os paradigmas que eram inerentes àquela cultura da época, onde a mulher, destituída de valor social, se ocupava apenas dos afazeres domésticos e nada mais.
Marta e Maria, duas escolhas distintas, mas que se completam. A vida é feita de escolhas. Somos as escolhas que fazemos. Escolher é viver ou morrer, cabe a cada um de nós fazer a opção acertada. Foi assim com o povo de Israel desde os primórdios rumo a Terra da Conquista: “Eu lhe propus a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Escolha, portanto, a vida, para que você e seus descendentes possam viver”. (Dt 30,19) A vida e a morte, a felicidade e a desgraça dependem da opção histórica que fazemos entre o Deus da vida, da liberdade ou os outros “deuses”, que produzem a escravidão, a fome e a morte. O “mito” de pés de argila, ou a estrela da paz e do Bem Viver que trará a vida nova para todos. Como o pobre de Assis, na inquietude do nosso ser, lutemos pela paz que é fruto da justiça! Sem medo de ser feliz! Sem medo do infeliz! Viva Francisco, o de Assis e o de Roma também! Viva todos aqueles e aquelas que fazem a opção de viver pela paz! A paz na inquietude do viver.
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