O mundo católico, liderado pelo Papa Francisco, tem intensificado o diálogo entre fé e ciência na esteira do Concílio Vaticano II, onde a dignidade da pessoa humana é assumida como base para o diálogo entre a Igreja e as culturas modernas. Obtendo com isto grande repercussão na mídia internacional e nos corredores dos saberes, pensadores teólogos, professores, cientistas da religião e talentos intelectuais dos Continentes Sul-americanos e Africanos têm recebido atenção particular da Santa Sé ao longo dos últimos anos[1].
O Papa reafirma constantemente em seus posicionamentos que a realização e o empenho na busca pela resolução dos problemas constituem um valor fundamental (GAUDIUM ET SPES, nº 40) em sua relação com todas as instâncias que fazem parte da vida humana.
Seja pela determinação e sofrimentos de suas sociedades, seja pela força viva de suas lideranças religiosas esses talentos têm surgido cada vez mais com brilhantismo e com ensinamentos genuínos. É o caso no Brasil de teólogos e cientistas da religião que, seguindo as linhas traçadas pelo Concilio Vaticano II (foi com o Decreto Optatam Totius que a teologia moral teve uma atenção especial dos Padres Conciliares), fecundam as nossas universidades e comunidades carentes pelo país adentro. Nomes como os irmãos Boff (Lina, Leonardo e Clodovis), há mais tempo conhecidos, têm hoje inumeráveis outros que vão se destacando, como Matthias Grenzer, biblista alemão-manauara, Sérgio Alejandro Ribaric’, padre Mauro Negro, padre-frei Andre Luiz Boccato de Almeida, padre Donizete Xavier.
Entre esses e tantos outros ressaltamos, por méritos comprovados, o nosso padre Márcio Fabri dos Anjos, da Congregação do Santíssimo Redentor – CSSR, que tem se destacado mais fora dos muros da Igreja no diálogo entre fé e ciência, especialmente no campo da Bioética fundamental e social, e das Ciências da Saúde em geral.
Ele tem, assim, contribuído efetivamente para a formação da consciência moral cristã e do pensamento teológico deste lado do mundo e, nas palavras do Próprio Marcio Fabri, “de uma cristologia centrada no encontro de Cristo com o homem” (ANJOS, 2015, p. 426). Sem falar que desde o início de suas atividades intelectuais, nunca deixou de manter constante interação com comunidades populares. E esse é um fato fundamental que acolhe o pedido do Papa Francisco para uma teologia moral junto ao povo sofrido e sem esperanças, como no proêmio da Veritatis Gaudium (VG), onde o Sumo Pontífice recordou que a renovação da teologia moral deve levar em consideração a função missionária de uma Igreja “em saída”.
O Padre Márcio é Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, Itália, portanto um presbítero com trajetória internacional. Entre outros cursos e atividades tem Licenciatura em Filosofia e atua como membro da Comissão de Bioética do HSL – Hospital Sírio Libanês.
UMA TRAJETÓRIA INTERNACIONAL
Escritor nato já publicou diversos livros e textos em sua vida acadêmica. Em seu currículo estão atividades nacionais e internacionais notáveis. Foi responsável pela fundação da Sociedade de Teologia Moral no Brasil, e colaborou na fundação das sociedades nacionais de Teologia e Ciências da Religião, e de Bioética, nas quais ocupou a presidência. Coordenou o Alfonsianum – Instituto de Teologia Moral, para mestrado e doutorado (1987-1997). Como coordenador e docente de doutorado em Bioética, pelo Centro Universitário São Camilo; orientador de doutorado na Accademia Alfonsiana, de Roma;
Vice-presidente da INSeCT- International Network of Societies on Catholic Theology, Tuebingen, Alemanha, 1992-2001, e membro de grupo internacional de pesquisa em “Genetics, Theology and Ethics” (Boston College/Porticus, 1996-2001); Membro da Câmara de Bioética do CREMESP – Conselho Regional de Medicina do Estado de S. Paulo (2004-2018). Professor emérito da PUC-SP (FTNSA), Presidente da SOTER-Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (1991-1998), continua participando em grupos de pesquisa em Bioética e em Teologia, em particular Teologia Moral. Atua como editor-assistente da Revista REDBIOETICA UNESCO e na Editora Ideias e Letras (S. Paulo). Membro do conselho editorial da Revista Bioética (CFM-Conselho Federal de Medicina); da REB – Revista Eclesiástica Brasileira; e de Encontros Teológicos (ITESC, Florianópolis-SC).
Citação:
ANJOS, M. F. dos. Teologia Moral. In: PASSOS, J. D.; SANCHEZ, W. L. Dicionário do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulus, 2015, p. 940-947.
Livros de autoria do Pe. Ms. Dr. Márcio Fabri dos Anjos, Redentorista:
O beijo de Deus. Provocação à vida religiosa. Goiânia-GO: CRB Nacional, 2010. v. 1.
Vida Religiosa e novas gerações: memória, poder e utopia. Aparecida: Santuário, 2007.
ANJOS, Marcio Fabri dos; SIQUEIRA, José Eduardo de (Org.) . Bioética no Brasil: tendências e perspectivas. 1. ed. Aparecida: Ideias & Letras, 2007. v. 1. 240p .
Novas Gerações e Vida Religiosa: Pesquisa e prospectivas da Vida Religiosa no Brasil. Aparecida/SP: Santuário, 2004.
Vescovi per la speranza del mondo. Bologna/Itália: Dehoniane Bologna, 2001. v. 1.
Bispos para a esperança do mundo: uma leitura crítica sobre os caminhos de Igreja. São Paulo: Paulinas, 2000.
Experiência religiosa risco ou aventura? São Paulo: Paulinas, 1998. v. 1.
Teologia aberta ao futuro. São Paulo: Soter/Loyola, 1997. v. 1.
Teologia: profissão. São Paulo: Loyola, 1996. .
Teologia da inculturação e inculturação da teologia. Petrópolis: Vozes, 1995. v. 1.
Inculturação desafios de hoje. Petrópolis: Vozes, 1994.
Teologia Moral e cultura. Aparecida: Santuário, 1992. v. 1.
[1] Vide o discurso proferido pelo Papa Francisco a um grupo de professores e estudantes da Academia por ocasião dos seus 70 anos de fundação. Evento ocorrido no dia 9 de fevereiro de 2019.
fonte: Currículo Lattes
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