Quinta feira da Sétima Semana do Tempo Comum. A Quaresma, a Páscoa, a Ascensão e Pentecostes ficaram para trás na linha do tempo. Cheios do Espírito Santo, damos rumo à nossa vida, deixando que a verdade de Deus conduza as nossas ações, com vistas à construção do Reino no aqui e agora de nossa história. Não há como ficar indiferente, diante de um mundo justo, fraterno e igual, pelo qual lutamos e queremos nosso.

Não poderia rabiscar no dia de hoje sem me lembrar das inúmeras felicitações das pessoas amigas, por ocasião da minha festa natalícia. O coração se infla de alegria, por saber que, mesmo na distância, e sem as pessoas
conhecerem-me pessoalmente, elas manifestam um carinho absurdamente aconchegante, que faz o meu espírito rejuvenescer, esquecendo-me até que sou quase um septuagenário.

O que não faz um simples rabisco, que a gente posta cada dia, e não imagina onde ele pode chegar? Há alguns anos, fiz este compromisso comigo mesmo, de partilhar um pouco da caminhada de um mineiro, radicado no Araguaia, à luz da liturgia diária. Alguém que veio trabalhar alguns anos aqui, na Prelazia, e não conseguiu mais deixar para trás a experiência com Pedro nesta Igreja dos empobrecidos do Araguaia.

Igreja povo de Deus das comunidades daqui e Igreja que segue “lá fora” agonizando entre a fidelidade ao Evangelho e a tentação de voltar-se ao passado das ideias conservadoras pré Concílio Vaticano II. Com tristeza vemos hoje um grupo de padres jovens, sendo apoiados pelos ultra conservadores neo pentecostais. Mais afeitos ao vestuário medieval, confirmando um alto referenciamento doentio, nos obrigando a perguntar: qual será a Igreja do futuro e qual será o futuro da Igreja?

Já no texto do evangelho joanino que refletimos hoje, damos continuidade aos versículos de ontem. Jesus falando para os discípulos sobre os pequeninos: “se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem…” (Mc 9,42) Numa clara demonstração de que são os pequeninos, os destinatários primeiros do Reino. Jesus não faz a opção pelos empobrecidos, simplesmente os colocam como ponto de partida e passagem para chegarmos ao Reino. Não há dubiedade nas palavras de Jesus. Optar pelos pobres é optar pelo Evangelho. Opção pelos Pobres é uma Opção de vida, uma Opção que tem lado.

Pequeninos são todos aqueles, pobres e fracos que esperam confiantes por uma sociedade fraterna e igualitária. Os “empobrecidos” de que fala a Conferência Episcopal de Medellín (1968) que lutam contra as estruturas de exploração. A Igreja que quer ser de Jesus, não pode, jamais, escandalizar os pequenos, virando-lhes as costas.
Certamente, eles ficariam escandalizados se os seguidores de Jesus andassem à procura de poder, prestígio, de uma vida privilegiada. Isso seria trair a missão de Jesus na sua essência evangélica.