Terça feira da Segunda Semana do Advento. No passo a passo da caminhada histórica de fé, vamos nos aproximando do encontro com o Senhor, que vem instalar sua morada no meio de nós. Advento é isso: preparar os caminhos do Senhor, como já predissera o profeta Precursor, João Batista. Estar preparado é abrir o coração, mente e atitudes, para que o nosso jeito de ser, agir e pensar, neste mundo, sejam moldados pela Palavra de Deus. O Natal está chegando! Precisamos acolher Aquele que vai chegar. Deus mesmo, fazendo morada em nós.
Uma manhã diferente acontecendo em minha vida. Acordei muito cedo, respirando os ares de Goiânia, na casa do Antônio Canuto, que encantou recentemente. Ainda meio atônito sem saber como administrar o estar aqui, sem a presença dele. Cada canto desta casa respira um pouco do seu humanismo, com a nossa memória dando cambalhotas com as suas imponentes risadas. É difícil demais estar aqui sem ele. Sinto saudades dele, tanto que estou vivenciando o que disse Mário Quintana: “A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo”.
Rezei buscando forças para continuar na luta, mesmo com a partida de tantos outros e outras, que passaram por ela, e seguem sendo as nossas referências. Nossa missão é fazer acontecer o Reino, ainda mais no dia de hoje, em que celebramos o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Esta data está associada à proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, feita pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, ainda sob a forte influência dos horrores da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
No Brasil, a nossa luta pelo Direitos Humanos, vai muito além desta data, tornando-se uma batalha diária, para fazer valer os direitos do nosso povo. As mulheres, os povos indígenas, a população negra, pobre e periférica, as pessoas em situação de rua, LGBTQIAP+, são grupos mais vulnerabilizados, diante da violência em nosso país. Isso sem falar no machismo patriarcal e no racismo estrutural, que seguem fazendo vítimas no meio de nós. Os dados alarmantes do femicídio estão aí, comprovando a violação dos Direitos Humanos. Que o digam as mulheres.
Todas as vidas importam! É desta forma que o texto da liturgia de hoje nos provoca, com o Evangelho de Mateus, onde Jesus conta a parábola das ovelhas perdidas. Esta mesma parábola, aparece também em Marcos e Lucas. Todavia, enquanto no contexto de ambos evangelistas, é realçada a alegria por encontrar a ovelha que estava perdida, Mateus, por sua vez, destaca a preocupação daquele que vai atrás daquela ovelha que extraviou do caminho. Acolhe e cuida dela, trazendo-a de volta. “O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos”. (Mt 18,14)
Ir ao encontro de quem está extraviado e perdeu o rumo do caminho. Acolher e cuidar daqueles que estão perdidos, sem fazer julgamentos prévios de suas escolhas pessoais. Trazê-los de volta ao convívio da comunidade, com gestos de amorosidade, para que se sintam amados e acolhidos. Esta é que deve ser a atitude primeira de uma “Igreja em Saída”. Sair ao encontro da pessoa humana, onde quer que ela esteja, nas periferias geográficas e existenciais.
Atitude nada fácil, para aqueles e aquelas que entendem que a vivência da fé se resume apenas ao espaço celebrativo do templo, com louvores e adorações descomprometidas com a realidade das ovelhas extraviadas. Esta parábola de hoje nos mostra que a comunidade inteira deve preocupar-se e procurar aquela pessoa que se extraviou. Ao encontrá-la, a comunidade se alegra quando ela volta para o seu meio, porque é assim que a vontade do Pai está sendo cumprida.
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