Quinta feira da quarta semana do Advento.
Estamos quase lá! Já enxergamos o Natal na linha do horizonte de nosso esperançamento. Deus que vem ao encontro da humanidade. Ele que se faz presença em nossas vidas, para que possamos ser “presentes” na vida uns dos outros. Natal é todo dia! Deus que nasce todos os dias em nossas vidas.
O nascimento de Jesus Menino se faz a cada dia que deixamos que o esperançar de nossas ações, alcance os mais necessitados. Lá onde Deus está. Como dizia nosso bispo Pedro, Deus que está ao alcance de nossa esperança. Sejamos presença viva nos presépios vivos de agora.
Caminhar faz parte da vida de todos os seres vivos. A vida vai se constituindo e consolidando nos caminhos que vamos trilhando. Desde que nascemos, um dos primeiros atos é o aprender a falar e também a caminhar. Os primeiros passos são acompanhados com muito carinho, pois eles nos direcionarão para o horizonte maior da vida. Quanto mais se caminha, mais horizontes vão se descortinando na aurora de nossa existência. Somos nós mesmos que escolhemos que caminhos desejamos trilhar, e Deus respeita as escolhas e decisões que vamos fazendo. Aquilo que chamamos de livre arbítrio, ou seja, a capacidade de escolha livre e autônoma, feita pelas pessoas.
Como somos filhos e filhas de Deus, Ele é a nossa referência maior no direcionamento de nossos caminhos. Aquilo que a liturgia do dia de hoje nos reserva pela boca do salmista: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação!” (Sl 24,4-5) Quantas vezes nos sentimos em situações parecidas? Assim, resta-nos o apelo de quem se encontra nas encruzilhadas da vida, em situações obscuras, e pede que Deus abra novas perspectivas.
Hoje, a liturgia também nos contempla com o nascimento do menino João Batista. Filho de um casal já avançado na idade, cuja mulher era estéril. Os desígnios de Deus são insondáveis. Para Deus nada é impossível. Deste lar, nos vem a figura emblemática de João Batista, que quer dizer: Deus é misericórdia, ou Deus tem piedade. O nascimento deste menino é o sinal que evidencia o projeto de Deus sobre esta criança e sua missão. Missão de preparar o caminho daquele que viria à sua frente. “Aplainar os Caminhos do Senhor”. Aquilo que fora predito pelo profeta Isaías: “Aplainai a estrada, preparai o caminho; tirai os tropeços do caminho do meu povo”. (Is 57,14)
João, o predestinado de Deus. Sua presença entre nós foi a de anunciar a chegada do Messias, Verbo de Deus encarnado em nossa história. Ele já sabia que não era o Messias, mas trazia em si a Boa Nova do esperançar de Deus para a humanidade. Na pessoa dele, um ciclo se encerra e nasce a nova perspectiva de Deus, atuando na história humana. Um novo caminho se abre para nós, em que Deus veio fazer morada em nossa realidade humana. Jesus mesmo que se faz caminho. Ele mesmo é Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6). Um caminho que ficou mais claro após o Pentecostes, em que a própria vida dos primeiros cristãos foi denominada também de “Caminho”.
Somos da descendência de Davi. O Deus que se faz conosco, caminha nas estradas de nossa vida. Somos caminheiros com Ele pelas estradas da vida, fazendo a história acontecer. A Igreja quer ser esta continuadora da missão libertadora de Jesus, mesmo que alguns destes seguidores só consigam ir até a metade do caminho da proposta de Jesus. Quando se fala dos pobres, das desigualdades e das injustiças, então, alguns torcem o nariz, talvez porque os seus projetos de vida, estão comprometidas com a sociedade excludente, arquitetada na exploração dos pequenos.
Caminhar se faz necessário. O evangelho de hoje conclui dizendo: “De fato, a mão do Senhor estava com ele”. (Lc 1, 66). A mão do Senhor está também conosco. Jesus está nascendo mais uma vez em nossa história, em nossas famílias. Devemos compreender esta Boa Notícia como mais uma oportunidade que Deus nos dá para renovar o meio em que vivemos. Nesta nova perspectiva, somos desafiados a assumir as mesmas causas de Jesus, pelas quais Ele vem nascer de novo. Assumir as causas dos mais pobres, superando toda forma de exploração da vida humana. Como dizia nosso bispo Pedro, precisamos descer os pobres das suas cruzes, impostas pelo capitalismo dos grandes e poderosos, “donos do poder”. No dizer do Papa Francisco, “lutar não pelos pobres e para os pobres, mas antes com os pobres”, contra a pobreza. Vem caminheiro, o caminho é caminhar.
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