Segunda feira da trigésima segunda semana do Tempo Comum.
Fechamos hoje a primeira semana do mês de novembro. Os dias vão se passando e vamos navegando sobre as águas turbulentas do processo eleitoral que ainda não se acalmaram. O sentimento de não reconhecimento da vontade majoritária das urnas, não está ainda sendo digerido por uma parcela da população inconformada com a derrota. Quando tais atitudes partem de alguns padres, aí a coisa fica mais séria, como o ocorrido numa das cidades de Goiás, quando o padre pediu que os eleitores do candidato vitorioso, deixassem a celebração eucarística que celebrava.
Rezei nesta manhã na companhia das centenas de papagaios sobre o meu quintal. Uma tagarelice só, mas nada que atrapalhasse o meu estar a sós com Deus em diálogo e súplicas. Lembrei da visita feita pelo nosso Papa ao Bahrein, país que compreende mais de 30 ilhas do Golfo Pérsico e está no centro das principais rotas comerciais do mundo desde a antiguidade. No avião de retorno a Roma, o Papa conversa com os jornalistas e a um deles diz: “o machismo mata a humanidade… devemos continuar lutando pelas mulheres porque elas são um presente. Deus não criou o homem e depois deu a ele um cãozinho para se divertir. Não, ele criou homem e mulher como iguais”. Francisco e as suas benditas provocações.
No Brasil, somos uma população extremamente machista. Apesar do quantitativo feminino ser constituído pela maioria, 51%, segundo o último senso do IBGE de 2010, as mulheres são consideradas minorias, principalmente no que diz respeito aos seus direitos fundamentais básicos. Exercem os mesmos trabalhos que os homens e mesmo assim recebem menores salários que eles na mesma função. Sem falar que neste ano, estamos comemorando os 90 anos da conquista do voto feminino no Brasil. Somente em 1932, o direito ao voto das mulheres foi concedido através do Decreto 21.076, que criou a Justiça Eleitoral, pelo então presidente Getúlio Vargas. Apesar da luta delas vir desde o século XIX. Todavia, o espaço dos partidos é predominantemente masculino.
É preciso ter muita fé na nossa luta permanente por garantir os nossos direitos, sejam eles masculinos ou femininos. O tamanho da nossa fé se mede pelas nossas convicções e pelos valores que vamos cultivando ao longo da vida. Para o cristão, estes valores estão fundamentos no Evangelho. Palavra viva que alimenta a nossa fé. Quanto a isso, Jesus hoje nos dá uma grande dica no texto que foi escolhido pela liturgia desta segunda feira. Ele compara a fé com um pequeno grão: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: Arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria”. (Lc 17,6)
Jesus está mais uma vez ensinando os seus seguidores. É importante salientar que esta era uma das ações pedagógicas de Jesus diante dos seus, preparando-os para irem aonde Ele mesmo devia ir. E lá na comunidade onde estiverem eles, o relacionamento deverá ser de fraternidade, de partilha, de amor, de perdão, de cuidado, de acolhida e, sobretudo, de respeito mútuo. Isto porque, onde não há amor não há também perdão. O tamanho da nossa fé é o tamanho que damos a ela através das nossas ações concretas que vamos efetivando ao longo da vida. A nossa fé aparece nas nossas atitudes e no fazer cotidiano. A fé associada às obras, como dizia São Tiago (Tg 2,14-26). São as nossas obras que dizem o tamanho da nossa fé. Para o seguidor de Jesus não basta dizer que acredita n’Ele. Ter fé em Jesus é fácil. Difícil mesmo é ter a mesma fé de Jesus.
Amar é também saber perdoar. Quem tem fé e ama sabe perdoar. Uma infinidade de vezes como quer Jesus: “Se teu irmão pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: Estou arrependido, tu deves perdoá-lo”. Todavia Jesus também deixa claro que o perdão pressupõe a atitude de quem se arrepende do ato pecaminoso. Quem é capaz de perdoar, perdoa também a si mesmo quando tem as suas possíveis quedas. Quem não é capaz de perdoar age pelo ressentimento, pelo rancor e pela vingança, perseguindo e até matando o pecador errante. O texto de hoje serve-nos como uma grande lição. Na nossa experiência de fé nos deparamos com a necessidade de estar desinteressadamente a serviço de Deus. Pela nossa fé mostramos as atitudes fundamentais para a vida no seguimento de Jesus. Para Deus não importa o tamanho da nossa fé, uma vez que Ele conhece o nosso coração e cada uma das nossas necessidades. Você tem fé em Jesus ou fé de Jesus? Descobriu a diferença?
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