Segunda feira da Primeira Semana do Tempo Comum.
Festa do Batismo do Senhor. Com esta solenidade fechamos assim o ciclo litúrgico do Natal. Esta festa faz a passagem para a primeira parte do Tempo Comum que estamos iniciando. O Batismo de Jesus nos remete ao nosso batismo em que nos tornamos filhos e filhas amados do Pai, permitindo-nos olhar os outros como irmãos e irmãs, formando a grande família de Deus. Pelo batismo, somos lavados e alvejados no sangue do Cordeiro.
Uma segunda feira em que o ranço da preguiça insiste em querer fazer parte de nós, pretendendo ditar o ritmo das nossas vidas. Acordei nesta manhã com o Araguaia falando mais alto em mim, me pedindo pra voltar. A saudade dele faz eco dentro de mim, me provando que é lá que eu sei ser feliz, com o coração me pedindo pra voltar. Neste clima, faço minhas as palavras do poeta Fernando Pessoa: “Não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram.”
Rezei nesta manhã fazendo memória do meu batismo, realizado nos primeiros dias de minha vida, segundo a minha mãe. Este é o Sacramento que funciona como porta de entrada de nossa experiência eclesial, a que somos chamados a fazer parte do discipulado de Jesus de Nazaré. Como está escrito no Documento de Aparecida: “Os fiéis leigos são os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo, que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Realizam, segundo a sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo. São homens da Igreja no coração do mundo e homens do mundo no coração da Igreja”. (N° 209)
Batizados para ser Igreja com Jesus. Batizados para sermos instrumentos nas mãos de Deus na Igreja da Caminhada para fazer acontecer o Reino de Deus entre nós, e não para fazer o que fizeram os vândalos criminosos terroristas no dia de ontem na cidade de Brasília, atentando contra o patrimônio publico e a democracia. Bem fez a CNBB em sua nota pontual: “A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), perplexa com as graves e violentas ocorrências em Brasília, manifestou-se sobre os atos antidemocráticos e de vândalos que invadiram e destruíram os prédios públicos, que simbolicamente representam o Estado brasileiro: a sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.”
Não tenhamos dúvidas de que uma grande parcela daquela gente tresloucada, se intitula “pessoas de bem”. Pessoas que se sentem acima do bem e do mal, do “deus acima de todos”. Certamente que são pessoas que fizeram lá os seus batismos, mas que ainda não entenderam ou incorporaram em si o significado profundo deste Sacramento que nos chama à responsabilidade de caminhar com Jesus. Na irmandade d’Ele não há espaço para aqueles que tramam contra a vida ou contra as regras do “jogo democrático”. Muito menos o culto de um “deus” que se faz distante dos seus nas alturas. Ao contrário, Jesus veio trazer-nos Deus para perto de nós, caminhando conosco pelas estradas da vida.
“Ele está no meio de nós”. Assim rezamos em todas as nossas celebrações. Mais do que a força de uma retórica, é Deus mesmo que faz questão de vir conosco morar, com Jesus vindo realizar plenamente a vontade de Deus e seu projeto salvador.
Neste Evangelho desta segunda feira, as primeiras palavras de Jesus apresentam o programa de toda a sua vida e ação: cumprir toda a justiça, isto é, realizar plenamente a vontade de Deus e seu projeto salvador. Mateus nos diz que o céu se rasgou: Ou seja, na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. O mistério profundo de Deus na pessoa do Homem de Nazaré se faz presente entre nós. “Ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei”, como bem nos diz o salmista (Sl 2,7). É Ele que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o “Servo de Javé”, já anunciado pelo profeta Isaías. (Is 42,1-2). Que venha o teu Reino, Senhor!
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