Aqui fala-se do “sacerdócio do templo” que respaldava a opressão e a morte em nome de Deus.
Escreve o exegeta nordestino, um outro Francisco que leva junto o nome de Cornélio, ao comentar a narrativa da Ascenção de Jesus:
“A bênção de Deus que fora bloqueada pelo sacerdócio do templo, agora é desbloqueada por Jesus; antes, era restrita apenas aos judeus homens, os únicos que podiam entrar no átrio onde os sacerdotes pronunciavam a bênção. Com Jesus, a bênção de Deus deixa de ser propriedade de uma casta, e é destinada a todo o mundo”.
A bênção sobre o pão e agora sobre os discípulos, como o último gesto de Jesus a partilhar, na consumação da Ressurreição, acontece com a Ascenção.
A partir daquele dia, não baixariam a cabeça para nenhum poder desse mundo, nem ficariam parados a mirar as nuvens, imaginando um velho de barba ou um juiz, com o cinturão na mão a exigir correção, com o sacrifício de animais nos altares engordurados. Gordo ficava apenas o bolso dos sacerdotes do templo- mercadão.
A cortina do templo rasgou-se, de alto a baixo, acabou a separação, não haveria, entre os seus seguidores, “escravos e livres”, nem sacerdotes e a plebe rude, consumidora daquela religião que Jesus não pactuou, motivo que o levou à perseguição e morte de cruz.
O céu se abriu até para seus agressores. O tamanho da Sua misericórdia alcançaria até os confins da terra, aposentando o modelo de religião das castas sacerdotais e inaugurando o caminho do diálogo e da escuta. Segundo S. Paulo, inicia-se a era dos ministérios como serviço sempre favorável à vida contra o legalismo de controle e o pastoreio omisso e opressor.
Desbancada a casta sacerdotal, todos se sentiriam chamados a “ser um em Cristo Ressuscitado” para construir o Reino do Pai, a obsessão apaixonada de Jesus. As provas desta paixão estão narradas nos Evangelhos, desde o primeiro sinal que Jesus deu. Não havia mais “vinho”, ou seja, aquela prática judaica infiel à Torah chegara ao fim, pois só trazia amargura para os pobres. O vinho novo era preciso para devolver a alegria dos pobres que esperavam a promessa.
A Mãe de Jesus foi testemunha da aflição da falta de “vinho” que se esgotara. O “fazei o que Ele vos mandar” já era a Palavra que significava, igualmente, “vivei na alegria inebriante do Seu AMOR”.
Amor tão esperado, pelo restinho fiel de Israel, que o velho Simeão, orou em voz alta, dentro do templo, dessa vez pedindo a morte e o fim da dinastia sacerdotal. Em Jesus começou o novo modelo de “sacerdócio servidor”, inaugurado no Pentecostes dos Dons.
Lucas 2, 28-29:
Simeão estava lá e tomou a Criança nos braços, louvando a Deus.
“Senhor”, disse ele , “agora eu posso morrer em paz! Pois eu vi como o Senhor me prometeu que eu veria. Eu vi o Salvador que o Senhor prometeu dar ao mundo”.
Em Atos 1, 1s
“De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados.
E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles”.
Começa a Igreja a serviço do Reino com sua abundância de dons para não ficar presa no templo.
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