Prof. Ms. Dr. Sergio Alejandro Ribaric’. Coordenador do Curso de Teologia da Faculdade São Bento e ITESP.

O SÁBADO DE MARIA

Meditando sobre a via sacra, me deparo com o momento do encontro de Cristo com a sua mãe, a caminho do calvário. Tento imaginar a dimensão da dor daquele momento, dessa mãe que vê o seu filho amado sofrendo. Justamente Ele que tanto amou o homem. Tento imaginar essa senhora vendo o corpo sofrido de seu filho, andando cambaleante na direção do lugar onde suas dores se multiplicariam ainda mais e a morte o esperava.

Qual a sua relação com Deus, nesse momento? Em quantas situações de muitíssimo menos grau, o homem não se revolta com Deus, frente à dor desconhecida. E à causa que ele desconhece. A pergunta que vem juntamente com a dor: “Por quê?”  Por que tanta dor, tanto sofrimento. “Como Deus pôde permitir tudo isso?”

Será que essa Senhora teve esses momentos? Será que ela foi tão humana e próxima de nossas fraquezas que até nesse momento compartilhou conosco dessa dúvida? Teria ela levantado os braços aos céus e perguntado “Por quê?”. Como nós?

Se humana a ponto de questionar o próprio Deus, absorveu silenciosamente as dores de uma mãe e acompanhou o filho por todo o seu calvário e esteve com Ele no instante de Sua morte. Depositado o corpo no túmulo e já no silencio de sua casa, o amor maior que um ser humano é capaz de sentir, palpitava em seu coração. Esse amor imenso, provindo de palavras ditas e ouvidas, de lembranças guardadas por anos, tudo isso não a deve ter deixado duvidar da ressurreição. O amor presente após a morte nos dá a certeza da ressurreição. Há vida após a morte porque ela é capaz de ser sentida em um coração que ama, e que foi amado!

Diante do corpo inerte de Jesus, discípulos e apóstolos se dispersavam, num misto de decepção e medo. Mas Ela deve ter esperado pelo instante em que Seu filho iria abrir novamente a porta. No auge da dor, Ela foi o nosso exemplo de fé, de esperança e de certeza da presença de Deus atuando no momento certo. Momento que pertence a Ele, somente a Ele.

Gosto de imaginar que a primeira a receber a sua visita foi Ela….  Alguém no mundo O amou mais para merecer isso? Não teria sido essa mulher a primeira a ouvir a Sua voz e a reconhecê-Lo? Certamente que sim, porque Ela era a única que O estava esperando!

Por essa razão, a Ela recorro em momentos de desespero e de inconformismo frente à dor. Não espero dela o que só espero de Deus. Espero dela o seu exemplo. Espero dela a sua companhia ao meu lado, enquanto espero, como Ela naqueles dias, a ação de Deus.

Sua presença ao meu lado, nas minhas orações, me faz lembrar que Ele vem. Seja qual for o problema ou a aflição, Jesus vem ao nosso socorro e mesmo no impossível da morte surge o possível da ressurreição! Sua presença ao meu lado me faz lembrar que esse silêncio de Maria é apenas a sua expectativa da espera.  Ela esperava e olhava para a porta que a qualquer momento, iria  se abrir.

E se abriu!