Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. 40 dias de caminhada até aqui. Com esta solenidade de hoje, estamos abrindo a Semana Santa. Um momento especial na nossa caminhada de fé em que nos preparamos para vivenciar mais uma vez a experiência da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus de Nazaré. Nossa vida está centrada na necessidade de uma busca intermitente de nossa conversão, se assim quisermos trilhar os mesmos caminhos de Jesus. Mediante este processo, somos chamados e enviados em missão para darmos continuidade às mesmas ações d’Ele, que segue no meio de nós como o Cristo Ressuscitado. O Ressuscitado segue vivo e é um conosco, como Paulo atesta em uma de suas cartas: “se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é vazia a fé que vocês têm”. (1 Cor 15,14) O núcleo central da fé cristã é a Ressurreição, mas quem não passa pela morte, não chega à Ressurreição.
Um Domingo de Ramos molhado aqui pelas bandas do Araguaia. A noite que estava linda, com a Lua Cheia, banhando de luz todos nós, belamente refletida nas águas do rio, deu lugar nesta manhã a um dilúvio, em que São Pedro não economizou com as suas torneiras. Eu que tinha o propósito de rezar na companhia ancestral de outro Pedro, fui rapidamente demovido de minha ideia. Contentei-me em rezar contemplando os arbustos de meu quintal, aproveitando para trazer presente todos aqueles amigos e amigas, aos quais, devoto as minhas humildes preces e intercessões cotidianas. Amizade é tudo e eu não seria quem sou, sem aqueles e aquelas que me ajudaram a construir o ser que sou. Diante dos amigos, sou partidário do pensamento do poeta e ensaísta inglês Joseph Addison (1672-1719) quando diz: “A amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor”.
Olhando para mais além, vemos que o Vaticano já celebrou o Domingo de Ramos, desta vez sem a presença do celebrante principal de outros anos. Como a diferença do fuso horário é de 5 horas nesta época do ano, a Praça São Pedro deste Domingo de Ramos acolheu cerca de 40 mil pessoas para fazer memória à entrada do Senhor em Jerusalém, presidida desta vez pelo cardeal argentino Leonardo Sandri, vice-decano do Colégio Cardinalício, por uma decisão do Papa Francisco, que só se fez presente ao final da celebração, por causa de seu estado de convalescença. No seu momento de fala, Francisco desafiou os presentes a escolherem a melhor forma de “levar a cruz durante a Semana Santa: não ao pescoço, mas no coração”.
Durante toda esta semana que ora se inicia, estaremos diante de momentos litúrgicos muito especiais. Assim, neste domingo, a Igreja abre solenemente a Semana Santa, recordando a entrada decisiva de Jesus de Nazaré, na cidade de Jerusalém e os últimos momentos da sua vida terrena, como Jesus histórico. Faremos no transcorrer destes dias a memória da Paixão e Morte na cruz do jovem Galileu. Por este motivo, os textos do Evangelho escolhidos são bastante longos e, por estarmos no Ano Litúrgico C, o evangelista da vez é Lucas. Apesar de o texto nos dar uma compreensão maior dos últimos momentos de Jesus, a ênfase litúrgica de hoje é dada na entrada triunfal dele em Jerusalém. O Rei dos pobres, montado num jumentinho, sendo aclamado por eles no jeito simples deles: com os ramos em punho. “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” (Lc 19,38)
De maneira muito simples, humilde e espontânea, Jesus é proclamado Rei-Messias. Completamente fora dos padrões de poder, riqueza e ostentação da realeza presente ali naquele momento sócio histórico. Completamente despojado dos tradicionais aparatos dos reis, Jesus se apresenta de modo humilde e pacífico: defensor do amor incondicional aos pobres, da justiça, da igualdade e fraternidade, regadas à compaixão e à misericórdia em relação à vida dos pequenos. Ao assim se colocar, Ele provoca a inversão do sistema que se apoia na riqueza, no poder e na violência das armas, a serviços dos privilegiados que exploram os empobrecidos. Daí a razão pela qual tais autoridades tentarem calar aqueles que aclamam Jesus como o Rei que traz a verdadeira justiça. Mas Jesus dá-lhes a resposta inesperada para eles: “se eles se calarem, as pedras gritarão”. (Lc 19,40)
Jesus, o Rei-Messias pobre, com os pobres e para os pobres, na contramão do sistema que se baseia na ostentação, no poderio elitista e nos privilégios da classe dos abastados. Seguir pelos mesmos caminhos de Jesus, é também fazer este caminho inverso. Não buscar a satisfação aparente que vem pela riqueza, pelo poder dos frequentadores dos palácios, mas trilhar a estrada de chão batida que nos levam às periferias existenciais e geográficas. Ali estão os destinatários primeiros do Reino de Deus: “eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu”. (Mt 21,31) Que possamos entrar nesta semana de coração aberto, simples e humilde, dispostos a acolher a Palavra e deixar que ela transforme a nossa mente, o nosso jeito de ser e agir, diante dos desafios do nosso ser cristão neste mundo. Em Jesus, o amor se tornou a fonte principal da transformação e libertação, nos conectando diretamente com o ser divino de Deus. Hosana ao Filho de Davi!
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