O reconhecimento de Jesus, por Chico Machado.

Segunda feira da Quinta Semana do Tempo Comum.

A semana iniciando com os nossos afazeres triviais, mas ávidos de esperança no coração, acreditando que o melhor pode e deve ser feito.

Ontem, não sei por que motivo cometi um erro litúrgico, colocando a palavra “décimo” antecedendo a Quinta Semana do Tempo Comum. Na postagem do Facebook ainda foi possível fazer a correção, mas os amigos e amigas do Whatsapp tiveram que conviver com este meu deslize gráfico. Certo é que estamos apenas no início do Tempo Comum.

No dia 6 de fevereiro comemoramos o Dia do Agente de Defesa Ambiental. Um profissional pra lá de importante, sobretudo neste contexto em que a devastação do meio ambiente é terrível em nosso país. O desmatamento segue acontecendo a passos largos na floresta e também no cerrado. Esquecemos que não somente as populações indígenas são afetadas com este crime hediondo, mas também todos aqueles que vivem nas cidades, a quilômetros de distância deste contexto. Todos deveríamos ser em potencial um agente ambiental, afinal a preservação do meio ambiente começa com pequenas atitudes diárias, dentro da nossa própria casa.

Fevereiro, o mês mais curto do ano, segue acontecendo. Estamos em pleno verão de alternância da temperatura e, consequentemente, as pancadas de chuva se fazem mais presentes. A fase da Lua é cheia, clareando a noite sobre as águas do Araguaia. Esta noite que passou estava belíssimo o cenário, até que São Pedro resolveu mudar a cena, com trovões relâmpagos riscando o céu e fazendo cair a chuva abundantemente. Em noites assim também há um burburinho de animais silvestres transitando pelo meu quintal, para desespero das cachorras que ficam em polvorosa, querendo afugentá-los.

A liturgia desta segunda feira traz para nós por meio do relato do evangelista Marcos, Jesus atravessando com os seus discípulos o mar da Galileia, chegando a Genesaré. É bom que saibamos que o mar da Galileia é também conhecido como mar de Tiberíades ou lago de Genesaré. Como seu próprio nome já diz, o mar da Galileia fica na região da Galileia. Uma pequena província localizada a cerca de 100 quilômetros de Jerusalém. Apesar do nome, o mar da Galileia é um grande lago de água doce, o qual recebe as águas do rio Jordão. É o maior lago do país e tem comprimento máximo de cerca de 19 quilômetros e largura máxima de cerca de 13 km, sendo que sua área total abrange 166,7.

A ação de Jesus no meio do povo desperta a atenção das pessoas, sobretudo dos mais pobres, simples e humildes. Mais de curiosidade do que ver na pessoa dele o Messias enviado por Deus. Como em outra passagem narrada por Mateus, “Jesus pregava a Boa-Nova o Reino anunciando, e curava toda espécie de doenças entre o povo”. (Mt 4,23) Ele que começa sua atividade pública messiânica na Galileia, exatamente na região distante do centro econômico, político e religioso do seu país. O esperançar da salvação se inicia justamente numa região da qual nada se podia esperar. O povo acorre a Jesus por ver nele a possibilidade de mudança em suas vidas.

Jesus no meio do povo curando todos os tipos de doenças: “nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra da sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados”. (Mc 6,56) Jesus o libertador trazendo até as pessoas a proposta do Reino de Deus. O verdadeiro Deus sendo revelado na pessoa de Jesus. A revelação plena de Deus, acontecendo nos seus gestos libertadores. Aqui podemos fazer uma referência do Deus que se revela no Antigo Testamento, quando disse a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. (Ex 3,14).

“Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus”. (Mc 6,54) Em Jesus Deus se faz revelação plena. Deus se apresenta como aquele que está presente. Ele é o mesmo Deus dos antepassados: aquele que prometeu formar um povo, agora vai cumprir a promessa. Ele quer ser invocado sempre com este nome. Deus manifesta a sua identidade dentro de um processo de libertação. Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam ainda todo o processo da encarnação do Verbo. Para alguns deles, Jesus é apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro. Também alguns de nós não temos ainda a compreensão exata de quem de fato é Jesus.