Sexta feira de 25ª Semana do Tempo Comum. A última sexta feira do mês dedicado à Bíblia. Nestes três dias que faltam para chegarmos ao mês dedicado às missões, abramos o nosso espirito, e façamos com que as nossas ações cotidianas estejam sintonizadas com o projeto de Deus. Que a nossa inspiração maior seja fundamentada naquilo que disse o profeta Ezequiel, num dos seus diálogos com Deus: “Colocarei em vocês o meu espírito, e vocês reviverão. Eu os colocarei em sua própria terra, e vocês ficarão sabendo que eu, o Senhor, digo e faço”. (Ez 37,14) Que o ar da primavera que tudo revigora, possa inflar o nosso coração de flores de esperança, para vivermos dias mais intensos de felicidade.
A Igreja Católica está em festa. Celebramos neste dia 27, a memória de São Vicente de Paulo. Ele que nasceu em 1581 no seio de uma família camponesa, na cidade francesa de Gasconha. Foi ordenado sacerdote aos 19 anos em 1600, tendo nos pobres a sua principal preocupação, tanto que em 1633, fundou a Congregação feminina Filhas da Caridade, com o intuito de dedicarem-se como freiras, irmãs dos últimos, que vivendo ao lado deles no mundo e deles cuidando. Muitos sacerdotes da época se juntaram a Vicente formando assim a Congregação da Missão, que mais tarde era conhecida como Lazaristas.
São Vicente de Paulo faleceu em Paris, em 27 de setembro de 1660, aos 79 anos de idade. Não deixou nenhuma obra escrita, mas um exemplo de vida dedicado aos mais necessitados, como expressa bem um de seus pensamentos: “Se nós não formos pobres e não passarmos pelos sofrimentos por que passam os pobres, como poderemos consolá-los?” Foi canonizado pelo Papa Clemente XII, no ano de 1737. Em 1885, o Papa Leão XIII o proclamou padroeiro de todas as Associações católicas de caridade. Um de seus conselhos serve de orientação para o ser cristão neste mundo: “se quisermos participar da Glória do Filho de Deus, no céu, devemos participar do sofrimento dos pobres e dos solitários, dos aflitos e dos martirizados”.
Rezei nesta manhã num ambiente completamente diferenciado. Cedinho já estava eu no postinho, coletando sangue para exames. Me preparando para o retorno médico que farei neste final de ano na cidade de Goiânia, como sempre faço todos os anos. Por aqui, somente são realizados os exames de sangue, fezes e urina. Os demais, se não quisermos ir para a demorada fila do SUS, temos que custeá-los por conta própria, já que o nosso “Plano de Saúde” adormeceu e não amanheceu. Ainda bem que, em Goiânia, os custos são menores. Assim, aquela poupançazinha que fazemos ao longo de todo o ano, tem esta serventia.
Entre uma conversa e outra com os que ali estavam como eu, rezei com o evangelista São Lucas, me atendo ao texto de hoje, que relata, mais um dos diálogos de Jesus com os seus discípulos. O texto inicia dizendo, que Jesus estava em oração num lugar retirado e, com Ele, os seus discípulos. Aproveitando-se da ocasião, Jesus pergunta a eles: “Quem diz o povo que eu sou?” (Lc 9,18) diante da resposta deles, Jesus dirige diretamente agora a eles: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Lc 9,20) A mesma pergunta feita a destinatários diferentes, uma vez que Jesus estava desejoso de saber, como o povo, em geral, o estava vendo e, posteriormente, como o discipulado via o seu Mestre.
Pedro, que exercia o comando do grupo, assume a dianteira e, corretamente responde: “Tu és o Cristo de Deus”. (Lc 9,20) Todavia, Jesus pede que eles não divulguem esta ideia, pois à sua frente descortinava o horizonte da sua Paixão, Morte Ressurreição. Um cenário nada animador para aqueles que viam no seu Mestre o “Salvador da Pátria”. Pedro está correto, mas não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias, o Cristo de Deus. Jesus os alerta que será preciso rever a ideia a respeito d’Ele, pois, para construir a nova história, a nova sociedade, terá que enfrentar aqueles que que não querem as necessárias transformações. Por isso, Ele vai sofrer muito, vai ser rejeitado e morto. Porém a sua Ressurreição será a sua e nossa vitória. Assim, quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer o mesmo caminho d’Ele: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza.
Quem é Esse Homem/Deus para nós? Quem é Jesus na sua vida? Como você define a relação que há entre você e Ele? A nossa resposta, geralmente, está condicionada ao grau de maturidade da nossa fé; as atitudes e compromissos que vamos assumindo no seguimento deste Jesus que acreditamos. Seguir os passos d’Ele requer que sejamos como Ele, e estejamos dispostos a desapegar de nós mesmos, como Paulo, em uma de suas cartas assim resumiu: “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem”. (Fp 2,6-7) Jesus é o nosso modelo de humildade. Embora tivesse a mesma condição de Deus, Ele se apresentou entre nós como simples homem. Amou e serviu até o fim, por isso Deus o Ressuscitou, como vitória da vida sobre a morte.
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