Segundo Domingo do Tempo Comum. Comum mesmo é a maneira de especificar o Tempo Litúrgico, mas para os que acreditamos, foi no Domingo que Jesus ressuscitou, derrotando o pecado e vencendo a morte e tornando-se o Deus Salvador e o Senhor da vida e da história. Este dia não tem nada de comum, já que ele nos remete à pessoa d’Ele.
Naturalmente que todos os dias da semana são dias do Senhor, mas o primeiro da semana é o Domingo, uma vez que foi neste dia que Jesus de Nazaré Ressuscitou. Etimologicamente, a palavra “domingo” vem do latim “dies dominica”, que tem também a sua raiz grega. Traduzindo, o Domingo é o dia do senhoril ou Dia do Senhor. Momento de agradecer pelo dom da vida e cada conquista que vamos alcançando.
Domingo em que estou descansando da maratona da viagem de São Paulo até aqui (1275 Km). Rezei nesta manhã, respirando os ares de Mato Grosso, contemplando a Serra Azul que circunda e emoldura a cidade de Barra do Garças. Mais 700 km me separam de São Félix do Araguaia. Apesar de um pouco distante, fomos parte deste município no passado. Assim, já estou me sentindo um pouco em casa.
O cansaço se faz presente no meu corpo sexagenário, depois da maratona do Curso de Verão. Trago comigo o esperançamento dos dias que passei ali e a energia acumulada para seguir adiante, alimentando as utopias do Reino, presentes nas causas da vida que vamos abraçando ao longo do ano. Sonhar acreditando, fazendo e acontecendo em cada passo dado. Sonhos de esperança como nos dizia o poeta Augusto dos Anjos: “Vão-se os sonhos nas asas da Descrença, Voltam os sonhos nas asas da Esperança”.
O que estais procurando? Esta é a pergunta que norteia a nossa reflexão no dia de hoje e que serve de embasamento para as nossas inquietações. Hoje estamos refletindo o Evangelho de São João. Sempre no Segundo Domingo do Tempo Comum, seja no ano A, B ou C, a liturgia apresenta-nos um texto do quarto evangelho. Diferente dos Sinóticos, João nos traz de forma detalhada a vida pública de Jesus. Para João, Jesus é o enviado de Deus, aquele que revela o Pai às pessoas, amando-as e dando-lhes a vida na sua maior plenitude.
Os discípulos de João Batista buscam e acham, procuram e encontram, nos fazendo recordar, de uma passagem de Mateus: “Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta”. (Mt 7,7) Encontrando a pessoa de Jesus, que procuravam, imediatamente eles se fazem caminhantes com Ele, interessados em saber onde era a sua morada. Mais do que a morada geográfica, se tratava de uma morada teológica.
De seguidores do profeta do deserto, eles se transformam em discípulos do Mestre, aceitando o convite d’Ele, de conhecerem sua morada. “O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todas as pessoas. Nós também queremos saber quem é Jesus, e Ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida.
Quais são as nossas buscas verdadeiras? O que estamos, de fato, buscando nesta vida? Nosso olhar, nossos pensamentos e o nosso coração, buscam as coisas onde elas são realmente encontradas? O “vinde ver” de Jesus é o convite feito a cada um de nós, para sabermos que a morada d’Ele é junto aos excluídos, pobres e marginalizados. Sua morada é junto dos indesejados, desqualificados, e não, trancafiado nos sacrários dourados, de gente que o louva ali, mas não enxergam o Jesus que está presente nas mazelas dos empobrecidos.
Encontrar Jesus e reconhecer sua morada é conviver com Ele, lá onde ninguém quer estar. No decorrer do tempo, os discípulos vão descobrindo que Ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. É uma descoberta que tem tempo para começar e nunca mais parar. O mesmo acontece com todos aqueles e aquelas que se fazem caminhos com Jesus: enquanto caminhamos com Ele, vamos progredindo no conhecimento a respeito d’Ele. Será que estamos dispostos e disponíveis para fazer esta caminhada com Ele lá onde Ele mora?
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