Segunda feira da Vigésima Nona Semana do Tempo Comum. Entramos praticamente na última semana do mês dedicado às missões. Este período litúrgico que a Igreja denomina “Tempo Comum” está caminhando para o seu final, indo até o sábado (02), véspera do Primeiro Domingo do Advento, quando assim inicia-se o novo ano litúrgico, quando faremos a transição do ciclo A para o ciclo B. Neste ano A estamos refletindo o Evangelho de São Mateus; o ano B, o de São Marcos e o ano C, o de São Lucas. O Evangelho de São João geralmente é usado em ocasiões especiais, como festas e solenidades.
A segunda feira preguiçosa amanheceu esfumaçada por aqui, com o calor ditando o nosso ritmo de vida. As chuvas, típicas desta época do ano, ainda não nos veio visitar. A temperatura acima da média faz os dias serem mais calorosos. A pouca chuva que caiu na tarde de ontem não foi suficiente para amenizar um pouco o forte calor. Feliz mesmo, estava a passarada que, enquanto se deixava molhar pelos pingos da chuva, ensaiava uma sonora serenata com cantos diversos em meu quintal. A simplicidade emoldurando o cenário de uma tarde melancólica.
Uma segundona em que a penumbra da noite deu lugar ao amanhecer nublado. Parecia que iria chover. Entretanto, logo que deu a sua cara radiante, o sol já mostrava que ali quem mandava era ele. Logo, logo as poucas nuvens se dissiparam. Felizes mesmo estavam as pipiras, sabiás e demais, degustando as doces jabuticabas. Os pés estão carregados delas, cada uma, mais doce que a outra. Já distribui uma parte delas para a vizinhança, mesmo assim, não há como vencer a produção em larga escala. Como diria o professor Mario Sergio Cortella, “Tem coisas que como a jabuticaba, só tem no Brasil!”
Iniciamos a semana ainda pensando no dia de ontem. A frase final do Evangelho que refletimos em nossas celebrações ontem nos deixa a pensar: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mt 22,21) Uma pergunta sempre fica, quando nos deparamos com este texto: “O que é de Deus mesmo?” Pergunta esta que vamos respondendo ao longo da vida, diante do nosso discernimento e as opções que vamos fazendo. De Deus é a vida, o amor, a compaixão, a misericórdia, o perdão, a fraternidade. De Deus é o caminhar juntos e de mãos dadas numa mesma direção. De Deus é uma sociedade igual onde a partilha é a força maior que estrutura esta sociedade.
Não é de Deus a guerra, o ódio, o rancor, a indiferença, a maldade, o descompromisso com as causas dos pequenos. Não é de Deus o acúmulo, a ganância e o querer ter sempre mais, em detrimento dos demais. Não é de Deus, a riqueza que provoca a exploração e a opressão dos pequenos, como podemos ver no texto do Evangelho que nos é proposto refletir nesta segunda feira: “Tomai cuidado contra todo o tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. (Lc 12, 15) Não é o acumular que faz a pessoa feliz, principalmente se ao lado dela estão aqueles que nada possuem, nem o necessário para viver com dignidade.
A vida é passageira! Somos transitórios nesta terra. Estamos aqui de passagem e nada do que acumulamos em vida, levaremos conosco no dia da partida. Os bens são dons de Deus, na medida em que saibamos usá-los para a convivência fraterna na partilha. Bens que são dons de Deus para todos. A riqueza maior é fazer da vida uma doação constante pelas causas dos pequenos, como fez a Irmã Dulce dos pobres, que encarnou em vida esta frase por ela escrita: “Só quem convive diariamente com eles (os pobres) pode avaliar o quanto sofrem, o quanto necessitam da Palavra de Deus, de uma mão amiga que se estenda em direção às deles”.
O acúmulo de bens e riquezas, sempre foi um problema na nossa caminhada nesta vida. O anseio de querer ter sempre mais está presente naquele coração que não consegue enxergar que fazemos parte de uma grande família. No caminho da vida, as pessoas deparam com o problema das riquezas e nem todas elas conseguem se desvencilhar desta problemática, abrindo mão do querer ter sempre mais. Jesus mostra que é insensatez acumular bens para assegurar a própria vida. Só Deus mesmo pode nos dar a riqueza que é a própria vida. Uma das maiores riquezas da vida é a felicidade de estar em paz e harmonia consigo mesmo e com a sua consciência. Você é um filho, uma filha de Deus, portanto, você é de Deus! Use e abuse, de forma amorosa, desta convivência, lembrando que as maiores riquezas da vida são de graça, na graça de Deus!
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