Terceiro Domingo do Tempo do Advento. Dia de alegrar-nos, afinal Ele já aponta no horizonte próximo, tanto que já ouvimos o seu sinal. A festa da vida nova vem chegando até nós. É Deus mesmo que toma a iniciativa de estabelecer sua morada entre nós, através de uma frágil e indefesa criança, nascida no seio de uma família pobre da periferia de Nazaré. O Verbo se fazendo carne e Deus vindo morar definitivamente no meio de nós. (cf. Jo 1,14) Jesus, Palavra viva de Deus, que é a luz que ilumina a consciência de toda pessoa humana. Em Jesus, Deus quis introduzir-nos, onde jamais poderíamos imaginar: partilhar a própria vida e felicidade d’Ele.
Um Domingo do Advento que, em nossa realidade teológica, nos faz olhar para o sábado que passou. Ontem, ele fez seus 86. Leonardo Boff, nosso maior teólogo, brasileiro e latino-americano, está em festa. Ele que, ao lado de teólogos e teólogas, como Jon Sobrino, Gustavo Gutiérrez, Ivone Gebara, Odja Barros, entre outros/as nos ajudam a pensar a Teologia a partir da realidade dos empobrecidos, seguindo na linha de Medellín, Puebla, tendo o Concílio Vaticano II como suporte maior de inspiração.
Tive o privilégio e a alegria de fazer o curso de Teologia anos após o lançamento de uma de suas maiores obras: IGREJA: carisma e poder (1981). Li e reli Leonardo Boff. Alí conheci mais de perto a Teologia da Liberação, seguindo no compromisso de fazê-la acontecer nas comunidades da periferia por onde passei, tendo o mesmo entendimento que o nosso bispo Pedro, que dizia: “Ou a Teologia é da libertação ou não é Teologia!”
Teologia que está fortemente presente no texto litúrgico que o Evangelho de Lucas traz para a nossa reflexão e vivência neste Domingo da Alegria. João Batista, considerado o Profeta do Advento, propondo aos que aguardavam a vinda do Messias, caminhos de conversão. Conversão como uma mudança radical de vida, onde as pessoas se tornem mais humanas, mais solidárias, mais bondosas, mais misericordiosas. Que motive partilhar os bens com os necessitados, não tirar o que é do outro, não exercer qualquer tipo de violência. Promover a vida fraterna de irmãos e irmãs que somos, filhos e filhas do mesmo Pai.
Este é o espírito do Natal: converter-nos para a chegada do Menino-Deus em nossa vida, em nossa família. Foi desta forma que as pessoas acorreram à João no Jordão. Todos se perguntavam: o que devemos fazer? Qual a melhor forma de acolher a vinda do Messias em nossa vida? Como devemos nos preparar? Como o Precursor, João ia dando as coordenadas como forma de preparar e estarmos prontos para a chegada d’Ele, de olho no profeta isaías que também dizia: “Preparai os caminhos do Senhor”. (Is 57,14)
O Natal não se trata de uma festa trivial qualquer. É a Nova Aliança que Deus vem selar com a humanidade. Não se trata mais de um Deus ausente, ou inacessível, nas alturas, mas Aquele que veio morar no meio de nós (Emanuel=Deus Conosco). É por este motivo, entre outros, que João Batista convida todos nós, à mudança radical de vida, porque a nova história vai transformar pela raiz as relações entre as pessoas. E isto significa não ter apenas uma fé teórica, ou apenas com a prática de preceitos, normas devocionais. Precisamos assumir atitudes concretas no compromisso de viver a nossa fé, realizando as ações do Reino que já está no meio de nós.
Finalizei os meus rabiscos de hoje, depois de participar da acolhedora celebração, com a presença de várias pessoas amigas. Realizamos nesta manhã, aqui em Goiânia, a celebração do “Sétimo dia” da Páscoa do Padre Antônio Canuto. Sua família, juntamente com os Amigos da caminhada, presente! Fizemos nesta data, para facilitar a melhor participação daqueles e daquelas que o conheceram mais de perto, e quiseram prestar-lhe uma singela homenagem. Fizemos uma mescla da Páscoa com o Natal, com a mística própria dos Mártires da Caminhada. A celebração foi conduzida pelo Frei José Fernandes, com a participação interativa de todos/as. Momento de reavivar a fé no esperançar da luta que se faz no dia-a-dia. Canuto, presente! Feliz aniversário Leonardo!
Comentários