Segunda feira da vigésima sétima semana do tempo comum.
A vida segue o seu curso rumo ao horizonte de novas perspectivas e nós vamos nos adequando às circunstâncias, com cada um tentando fazer a sua parte. Como diz o cantor Lenine em sua bela canção “Paciência”: “A vida não para”. Teríamos todos os motivos do mundo para desistir de sonhar, mas a esperança que brota no sorriso gratuito da criança nos faz acreditar que o amanhã será de luta, de sonhos e de flores. O jardim da fantasia dos nossos sonhos, ganhando a realidade prática de nossas lutas que não serão em vão. Para frente é que se caminha. O sol da esperança brilha no horizonte das nossas utopias. https://www.youtube.com/watch?v=SWm1uvCRfvA
Alguém já disse que “Nada é em vão, se não é bênção, é lição”. Aprender com tudo na vida, inclusive nas intercorrências, é a nossa maior lição. Desesperar, jamais! Perder esperança, nunca! Seguimos na trilha do que fora dito pelo cardeal Arns: “de esperança em esperança”. Acreditar que somos capazes de fazer o novo. Acreditar na força de todos nós juntos e juntas, sem largar as mãos dos parceiros de sempre. Mesmo com toda a escuridão da noite de trevas que estamos vivendo, o sol há de brilhar mais uma vez no canteiro dos nossos sonhos. Fernando Pessoa já dizia: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Apequenar os nossos ideais e atitudes, foge a regra do Deus que nos criou para a ação transformadora.
“Vence a tristeza, Enxuga o pranto. Ó meu povo. Vem cantar um canto novo. Deus da vida aqui está!”, canta o nosso menestrel Zé Vicente. Estamos irmanados no projeto de Jesus de Nazaré, que na liturgia deste dia está mais uma vez sendo confrontado pela classe dirigente religiosa de Jerusalém. Um mestre da Lei indagando o verdadeiro Mestre, “querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Na verdade, nem estava interessado mesmo na resposta à sua pergunta. O desejo dele era o de arrumar confusão, colocando obstáculos no caminho de Jesus. Uma fé movida pela hipocrisia como a de muitos que conhecemos em nossas comunidades.
Fazer a experiência de fé requer do seguidor, da seguidora de Jesus compromisso, coerência e fidelidade às suas causas em favor dos pequenos. A fé não combina com a hipocrisia. Ambas não trilham o mesmo caminho de mãos dadas, como vemos em algumas pessoas. A fé no Deus da vida é a força que nos mantém de pé, perante todas as adversidades da vida. Como estamos vivendo o mês missionário, o amor, a fé e a perseverança, são os pilares básicos que nos darão as forças necessárias para a nossa missão. Com toda a sua sabedoria, Charles Chaplin (1889-1977) tinha uma boa compreensão da fé. Dizia ele: “Penso que a fé é a extensão do espírito. É a chave que abre a porta do impossível”.
“A fé sem obras é morta” (Tg 2,26). É por este motivo que Jesus associa a fé com as ações que são feitas, movidas pela fé que se tem, contando a parábola do samaritano que foi o único capaz de ver o caído na beira da estrada e cuidar dele. Ele não apenas viu o caído, mas se fez próximo dele naquelas circunstancias. O mais importante não é ver o próximo, mas se tornar próximo dele: viu, aproximou, sentiu compaixão e cuidou dele. A fé jamais poderá ser uma coisa teórica ou de mero sentimento interior, mas de compromisso que se manifesta concretamente em atos e fatos visíveis. A fé se traduz no amor, e este realiza atos concretos. Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta as barreiras de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que encontramos no nosso caminho.
A fé é movida pela misericórdia, pela ternura, pela compaixão. A misericórdia que é um termo amplo, cujos caracteres se referem a benevolência, o perdão, a bondade e a amorosidade, em uma variedade de contextos éticos, religiosos, sociais e até mesmo legais. A espinha dorsal do cristianismo é o conceito de um “Deus misericordioso”, que aparece na literatura bíblica, sobretudo no Novo Testamento. Jesus nos veio revelar a face de um Deus extremamente misericordioso, pleno de amorosidade. O próprio Jesus assim o disse de si mesmo: “Eu não vim para condenar o mundo, mas para salvar o mundo”. (Jo 12,47) Isso porque Ele é a revelação do próprio Deus. “O amor do Senhor não acaba jamais e sua compaixão não tem fim. Pelo contrário, renovam-se a cada manhã: Como é grande a tua fidelidade!” (Lam 3,22-23) Quem ama de verdade não conhece limites para a prática deste amor.
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