Segunda feira da Segunda Semana do Advento. A alegria está no ar e invade os corações daqueles e daquelas que alimentam uma fé verdadeira. O Deus da vida plena, vem ao nosso encontro na pessoa de uma frágil criança. Um renascer de esperança. Deus mesmo querendo se fazer presente em nossa história humana, trazendo o seu Reino de paz e justiça. Somos agraciados com sua presença viva em nós. A alegria se faz esperança no renascer de cada criança nos fazendo sonhar com o Reino.

Rezei nesta manhã, ainda no silêncio da rodoviária de Goiânia. Algo inaudito para aquela que vive cercada do burburinho do trança pé de pessoas. Como chegamos muito cedo, a rodoviária estava desprovida de transeuntes, além daqueles que, como eu, ali desembarcamos. Depois que me tornei cidadão das aldeias, a cidade grande não me atrai como dantes. Me sinto perdido em meio ao corre-corre desenfreado e anônimo. É impressionante como as pessoas tem necessidade de sair correndo sem se darem conta disso.

Enquanto fiquei aguardando a hora para chegar até a clínica, para os encaminhamentos médicos, aproveitei para rabiscar. Em tom de agradecimento, louvando e bendizendo a Deus pela viagem tranquila, desbravando os 1.100 km que separam São Félix, da capital dos goianos. A saúde, depois dos 60, requer cuidados e acompanhamentos médicos.

Acompanhamento que faz Jesus cuidar da gente simples, humilde e pobre da Palestina de seu tempo. Sua natural sensibilidade taumaturga, o faz olhar para aquela realidade que o cerca. Sensibilidade movida pela ternura, compaixão e amorosidade que sobra em seu coração. Coisas que fariseus e doutores da Lei, não enxergavam, já que eram acometidos pela cegueira da religião alienada, voltada para o interior do Templo, espaço de construção da exploração, da opressão e marginalização dos pequenos.

Jesus é o Mestre taumaturgo. Se atentarmos um pouco, vemos que o evangelista Marcos, descreve Jesus como “o profeta taumaturgo”. Ou seja, aquele que realiza aquilo que Marcos denomina de “sinais”. Os demais evangelhos trabalham com o conceito “milagres”. Já nos escritos gregos, o termo taumaturgo, se refere aos santos cristãos que, por meio dos quais Deus opera milagres de forma natural.

Como estamos no Ano Litúrgico C, o Evangelho da vez é o de Lucas. No contexto de hoje, para desespero dos fariseus e mestres da Lei, Jesus perdoa os pecados de um homem acamado paralítico e o cura, para que saísse andando. Jesus, não somente tem poder de perdoar, mas também o de promover a cura, libertando as pessoas pobres dos males que as afligiam. Ele é o Servo de Deus entre os homens, fazendo o bem por onde quer que passava. Não com o intuito de promover espetáculos, tanto que pedia discrição aos curados: “não diga nada a ninguém”.

Não é o bem que Jesus faz que importa para as lideranças religiosas que criticavam e o condenavam. Para eles, Jesus era um blasfemador incorrigível. Que se danem os pobres e doentes, conquanto os dogmas e a “sã doutrina”, seja salva. Lembrando que, naquele tempo, a doença era causada pelo pecado. Desta forma, para libertar aquele homem, Jesus vai direto à raiz do problema: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. Isto foi o bastante para que a oposição e rejeição a Jesus começasse: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação da pessoa. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo reconquistar a capacidade de caminhar por si mesmo.