“Por isso, vos afirmo que de toda a palavra fútil que as pessoas disserem, dela deverão prestar conta no Dia do Juízo. Porque pelas tuas palavras serás absolvido e pelas tuas palavras serás condenado”. Mt.12,36-37
Muitos são os estudos médicos e científicos que demonstram que as palavras têm força e poder. Na Bíblia encontramos exemplos que indicam o uso correto dessa ferramenta, sempre à disposição dos humanos.
No livro de Jó, 13, 5: Se pudésseis guardar silêncio, tomar-vos-iam por sábios.
No Salmo 33, 14: Guarda tua língua do mal e teus lábios das palavras enganosas.
No Salmo 51, 4: Continuamente maquinas a perdição; tua língua é afiada, tecedora de enganos.
Em Provérbios, 10, 19: Não pode faltar o pecado num caudal de palavras; quem modera os lábios é um homem prudente.
Em Provérbios 20, 21-22: É do fruto da sua boca que o homem se nutre. Com o produto dos seus lábios ele se farta. Morte e vida estão à mercê da língua; os que a amam comerão dos seus frutos.
Ainda em Prov. 20, 5 e ss: Há quem se cale e é considerado sábio e quem se torne odioso pela intemperança no falar. Há quem se cala por não saber falar e há quem se cala porque reconhece o momento oportuno de falar. O sábio permanece calado até o momento oportuno, mas o leviano e imprudente não espera a ocasião. Aquele que se expande em palavras prejudica-se a si mesmo, quem se permite todo o desregramento torna-se odioso.
A carta do apóstolo Tiago traz uma advertência indiscutível:
“Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto. Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha. Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno. Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e tem sido domada pela espécie humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero. Com a língua bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim! Já o sabeis. Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus“.
Jesus recomenda muito cuidado com o uso das palavras, frases ou julgamentos: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. Pedi e se vos dará. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Não jurareis falso, mas cumprireis com o Senhor os vossos juramentos. Eu, porém, vos digo: não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus, nem pela terra, porque é o escabelo de vossos pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. Dizei somente sim, se é sim, não se é não”. Ele próprio usa com tanta sabedoria a palavra falada que o povo fica impressionado. Em Mt. 6, 28, quando terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. Com efeito, ele ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas. E em Mt. 12, 37, a sentença mais severa: “Pelas tuas palavras serás justificado e pelas tuas palavras serás condenado”.
Existem outras, inumeráveis passagens que poderiam ser citadas, sobretudo extraídas do Eclesiástico.
Se conhecêssemos o poder das palavras, certamente teríamos grande cuidado com nossas conversas. Nossas palavras não voltam vazias. As palavras que pronunciamos estabelecem leis para nossas vidas.
Segundo Lourenço Prado,
“As forças invisíveis agem sempre a favor daquele que está contínua e corajosamente avançando para a frente, embora ele não o saiba. Em virtude das forças vibratórias das palavras, quando o indivíduo fala alguma coisa, começa a atraí-la para si. As pessoas que falam continuamente em moléstias, invariavelmente as atraem”.
Uma antiga sentença diz que o homem somente deveria falar para três objetivos: curar, abençoar e prosperar. O que falamos dos outros eles falam de nós. Invariavelmente. Quando ajudamos alguém a triunfar, estamos facilitando nosso próprio triunfo.
A saúde ou a doença são frutos dos nossos pensamentos e das palavras proferidas. A alma é a mente subconsciente que precisa ser curada dos pensamentos errados. No salmo 3, a expressão “Restaura a minha alma” indica a restauração das ideias retas a partir do subconsciente. Se conseguirmos encher o nosso subconsciente de ideias retas, haverá a perfeita união entre o pensamento consciente e nossos condicionamentos. Então, Deus e o homem serão um só. É o que diz o mestre de Jerusalém quando sentencia: “Eu e o Pai somos um”. Ou seja, eu sou um com o mundo das ideias perfeitas.
Na sabedoria antiga está expresso: os inimigos do homem são os de sua própria estirpe. A derrota ou a vitória vêm dos pensamentos e sentimentos alimentados e expressos. Uma inteligência esclarecida procura aperfeiçoar-se, trabalhando para melhorar o caráter e a boa vontade com o próximo.
“Existe um conhecimento do poder da linguagem falada e, se quiserdes realmente produzir o vosso bem-estar e progresso, deveis adquirir esse conhecimento e estabelecer as vossas conversas de acordo com ele.
Cada palavra que expressais exerce uma ação na vossa vida pessoal, a qual será a vosso favor ou contra vós, conforme a ideia expressa pela palavra. Pelas vossas palavras, podeis colocar-vos em embaraços, pobreza ou moléstias, ou em harmonia, saúde e prosperidade. Com efeito, cada palavra que emitirdes é uma expressão, a qual produz uma tendência particular em determinada parte de vossa entidade. Essa tendência pode manifestar-se em vossa mente, no vosso corpo, na vida química deste último, no plano dos desenhos, no caráter, em qualquer de vossas faculdades, vindo em seguida, a produzir seus efeitos materiais…
Cada palavra que falais possui uma força interna secreta, boa ou má, a qual determina se a expressão deve ser benéfica ou prejudicial. Essa força de vossas palavras pode favorecer vosso progresso ou atrasá-lo, principalmente quando as expressardes com profunda emoção” (Prado, Lourenço, 1999: 42).
Toda doença tem como causa a violação da lei do amor. O amor e a bondade ganham todas as batalhas. A desarmonia exterior indica desarmonia interior. A boca fala daquilo de que o coração está cheio. Assim, gritos, ameaças, arrogância, diagnosticam um coração açoitado pelo medo.
Ao contrário, o coração seguro e em equilíbrio é sempre suave e compreensivo.
Assim, se queremos ter saúde física e mental, se temos o desejo de elevar-nos espiritualmente, lembremo-nos de que nossa boca deve ser pródiga em palavras como bendizer, perdoar, elogiar, relevar, compreender, amar, equilibrar e abençoar.
Bibliografia:
Baker, Mark. W. Jesus, o maior psicólogo que já existiu. 10ª Ed. Rio de Janeiro, Sextante, 2005
Bíblia Sagrada, Edições Ave Maria
Prado, Lourenço. Alegria e Triunfo. São Paulo, Ed. Pensamento, 1999
————- Equilíbrio e recompensa. São Paulo, Ed. Pensamento, s/d
Thesenga, Donovan e Pierakos, Eva. Não temas o mal. São Paulo, Cultrix
Comentários