Segunda feira da décima oitava semana do tempo comum.
Agosto chegou. O mês que a Igreja católica dedica às vocações. Contrariamente a visão equivocada que alguns de nós as temos, a vocação aqui é vista como um todo e não somente à vida religiosa ou ao sacerdócio. Nesta concepção, todos nós temos as nossas vocações. Vocação e missão no compromisso de seguir o mesmo caminho traçado por Jesus de Nazaré. Vocação cuja responsabilidade maior é a defesa da vida para todos e todas. Descobrir a nossa vocação e com ela dedicar às mesmas causas de Jesus é o nosso grande desafio. Diria o filósofo Grego Aristóteles (384 a.C-322 a.C): “Onde as necessidades do mundo e os seus talentos se cruzam, aí está a sua vocação”.
Primeiro de agosto é um dia especial para os Redentoristas. Neste dia, a Igreja celebra a memória de Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787), fundador da Congregação do Santíssimo Redentor (1731). Este Italiano de Marianella, Nápoles, bispo, doutor da Igreja e santo, tornou-se o patrono dos confessores e teólogos de doutrina moral. Ao fundar a congregação, fez uma leitura do carisma, bastante revolucionária para a época, pois segundo ele, precisava viver entre os casebres e os currais dos pastores (cabreiros). Estar com os mais pobres para com eles exercer a vocação missionária. Pobre com os pobres e para os pobres, esta foi a inspiração primeira de Afonso com a sua congregação: estar onde estavam os mais pobres.
Falo dos redentoristas com conhecimento de causa. Fui membro da Congregação Redentorista por alguns bons anos. Meu processo formativo por lá durou cerca de 12 anos. Entrei para fazer o Ensino Médio (colegial), passei pela filosofia, pré-noviciado, noviciado e teologia. Ao todo foram 19 anos que por lá passei, recebendo uma formação humana, intelectual e religiosa esmerada. Sou o que sou e quem sou, graças a formação que recebi desta congregação. Convencido pelo nosso bispo Pedro, fiz a minha incursão pela prelazia de São Felix do Araguaia, de onde nunca mais consegui sair. Sou feliz no Araguaia! Os indígenas me atraíram para si, tornando-me solidário de suas causas. Com eles adentrei a Universidade dos saberes tradicionais ancestrais.
Primeiro de agosto é também comemorado o Dia Mundial da Amamentação. Esta data foi criada em 1992, pela Aliança Mundial de Ação pró-amamentação, cuja finalidade foi a de promover e incentivar o aleitamento materno e a criação de bancos de leite, garantindo, assim, melhor qualidade de vida para crianças. Aleitamento materno, este momento sagrado para mãe e filho. Hipócrita e doentia é a sociedade que vê neste ritual sagrado, uma agressão ao pudor moralista, como a atitude daquele jovem rapaz que pediu que a mãe que estava amamentando seu pequeno bebê se cobrisse. A resposta daquela mãe foi sensacional: ela cobriu o seu rosto, numa atitude de quem não queria olhar para aquelas pessoas que assim pensavam.
Uma segunda feira que iniciamos bem com a liturgia nos trazendo um dos textos mais conhecidos do Novo Testamento: o banquete da vida. O pão partilhado como gesto concreto de quem se preocupa com a vida das pessoas, sobretudo daquelas que estão passando fome. Os seguidores de Jesus até tentam se desvencilhar da responsabilidade de dar-lhes de comer, ao que Jesus os instiga: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14, 16) Na realidade esta é a atitude de alguns dos nossos também ainda hoje. Vivem a sua experiência de fé apenas dentro das paredes do templo e pouco se importam com a vida daqueles que estão passando por necessidades múltiplas. Pessoas que se transformaram em exímias “assistidoras de missa” e se esquecem que a fé deve ser provada na prática cotidiana, nos fazendo lembrar São Tiago que nos dizia: “A fé sem obras é morta” (Tg 2,26).
No banquete da vida todos comem e ficam saciados. Ninguém passa fome. O pão da vida é repartido para que todos fiquem saciados. Falar de partilha num contexto de fome é desafiador, sobretudo porque produzimos os alimentos necessários para saciar a fome de todos os habitantes do Planeta. Segundo dados das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, (FAO), a cada ano o mundo produz cerca de 5.200 bilhões de toneladas de alimentos, o que em si seria mais do que suficiente para alimentar toda a população mundial. Todavia, este alimento não chega a grande parte das mesas de famílias famintas. A concentração de renda também se alia a concentração de alimentos. Desta forma, não estamos seguindo as orientações de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14, 16). Por outro lado, o grande ensinamento trazido por Jesus é o de que não é preciso muito dinheiro para comprar comida para o povo. Basta tão somente dar e repartir entre todos, o pouco que cada um possui. Na mesa da partilha o alimento é servido à todos e todos saem saciados. Pão em todas as mesas!
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