Décimo Nono Domingo do Tempo Comum. Um terço do mês vocacional já aconteceu na nossa história. Se no domingo passado tivemos a oportunidade de celebrar o “Dia do Padre”, neste, celebramos todos os pais. Somos quem somos graças aos pais que nos forjaram. Não somente o pai tradicional que todos conhecemos, mas também aquelas grandes e guerreiras mulheres que são mães e pais ao mesmo tempo, já que alguns “pais”, não tiveram a hombridade de assumir com elas a criação dos filhos. Conheço muitas delas. Feliz dia daqueles que honram com coragem e respeito a sua nobre missão de ser pai na educação e edificação dos filhos que Deus lhes confiou!
Dia 11 de agosto. Dia de Santa Clara. Ela que nasceu em Assis, Itália, no ano de 1193 e faleceu no dia de hoje, no de 1253. Aos dezenove anos partiu para o momento que marcaria sua trajetória de vida, ao encontrar-se com São Francisco de Assis. Assumiu com ele os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência. Discípula do “Poverello de Assis”, juntamente com outras moças, deu início a uma nova vida religiosa, as Clarissas, seguindo a risca o carisma franciscano. Tinha como objetivo claro uma das frases que sempre dizia: “Nunca perca de vista o seu ponto de partida”.
Como ainda estamos dentro da Semana Pedro Casaldáliga, importante trazer presente a memória deste grande profeta do Araguaia, nosso eterno bispo. Seu legado nos inspira e desafia a dar continuidade às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), com e pelas quais ele tanto lutou. Em forma de resistência teimosa, devemos fazer acontecer o esperançar de Deus na luta do povo sofrido, que clama por justiça, igualdade e partilha do pão em todas as mesas, necessário para que vida aconteça com dignidade. Numa das canções da dupla Casaldáliga/Cirineu Kuhn (Oração a São Francisco em forma de Desabafo), Pedro lembra de Francisco com a sua parceira de evangelização: “Compadre Francisco, como vais de Glória? E a comadre Clara e a Irmandade toda? Nós, aqui na Terra, vamos mal vivendo, que a cobiça é grande e o amor pequeno… A sábia loucura do Santo Evangelho tem poucos alunos que levam a sério”.
Levar a sério o Evangelho da vida de Jesus que neste domingo sagrado, se autoproclama: “Eu sou o pão que desceu do céu” (Jo 6, 41) Ele é o Pão vivo descido do céu. Tal afirmação criou uma enorme repercussão entre os adversários de Jesus, que não admitiam que aquele pobretão de Nazaré, filho de Dona Maria e Seu Zé, pudesse cometer tamanha heresia hipostática (união da natureza divina e da natureza humana na pessoa de Jesus): “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. (Jo 6,51) A liturgia deste domingo reitera a preocupação de Deus em oferecer aos seus filhos e filhas, de forma gratuita, Vida plena e verdadeira. O Dom da vida, concretizado em cada passo da História da Salvação, e que atinge o seu momento culminante quando Jesus encarnou na nossa história e nos ofereceu o Pão de Deus.
Neste domingo estamos dando continuidade à reflexão do capítulo 6 do Evangelho joanino, que já vínhamos fazendo há dois domingos. Ou seja, é a sequência do discurso de Jesus definindo a si mesmo como o pão vivo descido do céu como alimento para a vida plena, que fora proferido pelo Mestre, lá na sinagoga de Cafarnaum, em resposta à multidão que, alimentada pelo pão partilhado, estava maravilhada, deslumbrada com aquele sinal realizado por Jesus. Ele é o Pão Vivo que desceu do céu para trazer Vida a todos os filhos e filhas de Deus. Todavia, para que esse Pão seja fonte de Vida para nós, temos que acreditar em Jesus. Acreditar, aderindo ao seu projeto, seguindo-o pelas estradas de nossa vida, fazendo-nos pão para saciar todas as formas diversificadas de fome dos nossos irmãos e irmãs.
Jesus é o Pão Eucarístico de Deus! Para a fé cristã, a Eucaristia é o sacramento que manifesta eficazmente na comunidade esse compromisso com a encarnação e a morte de Jesus. Ele que se apresenta como aquele que veio de Deus para dar a vida definitiva a todos nós. Evidente que a classe politica e, sobretudo, a religiosa da Palestina no tempo de Jesus, adversários ferrenhos d’Ele, não admitiam que aquele homem, pudesse ter origem Divina e, portanto, assegurar a vida definitiva aos seus seguidores. Aos que cremos, a vida definitiva começa quando nos comprometemos com este Jesus, aceitando a nossa própria condição humana, vivendo em favor dos outros. Desta forma, o compromisso com Jesus exige que também estejamos dispostos a dar a nossa vida em favor dos outros e das outras. Vidas pela vida! Vidas pelo Reino! E aí, aceita o desafio? Qual é o seu maior empecilho, diante desta proposta tão arrojada? Que a “Comadre Clara” nos ajude!
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