Quinta feira da Terceira Semana do Tempo Comum. Estamos a um passo de fechar o ciclo do mês que inicia o ano. Como é costume na estação do verão, quando não são dias de sol forte e muito calor, é a chuva que cai em abundancia do céu. Nosso Araguaia que o diga, está cá em cima, quase adentrando o cais. Muito volume de água, ainda que as águas que caíram em sua cabeceira, não chegaram por aqui. Motivo a mais para os pescadores estarem comemorando, já que isto é sinal de muito peixe ao longo deste ano de 2025. Parafraseando São Francisco de Assis, seja sempre bem vinda irmã chuva! Oportunidade também para endossar as palavras do quarto livro do Pentateuco (Levítico): “Se vocês seguirem os meus decretos, obedecerem aos meus mandamentos e os puserem em prática, eu mandarei a vocês chuva na estação certa, e a terra dará a sua colheita e as árvores do campo darão o seu fruto”. (Lv 26, 3-4)
30 de janeiro é um dia especial para toda a humanidade. Celebramos hoje o Dia Mundial da Não-Violência e Cultura de Paz. Nesta data temos a oportunidade para refletir sobre os rumos para os quais estão caminhando o mundo em que vivemos. Ocasião também para recordarmos tristemente o assassinato de Mahatma Gandhi (1869-1948), ocorrido em Nova Delhi, na Índia, em 30 de janeiro de 1948. Gandhi ficou conhecido mundialmente como um líder pacifista, defensor da não violência, acreditando que o melhor meio de lutar contra a injustiça social seria por meio de métodos não violentos. Como ativista político e um líder religioso indiano, lutou pela independência da Índia, na primeira metade do século XX. Foi por meio de sua atuação em todo o país que a Índia conquistou a sua independência dos colonizadores britânicos em 1947.
“Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida”, afirmava assim este grande homem da paz. Precisamos incorporar em nós o espírito humanista de Gandhi, evoluindo para um patamar superior, onde possamos desenvolver, através das nossas ações, a cultura de paz. Paz, traduzida muito mais além das boas intenções, mas que seja verdadeiramente fruto das nossas ações, na construção de uma sociedade para bem longe do ódio, da mentira e do rancor raivoso dos corações mal amados. Paz que começa no interior de nosso coração e salta para as ações e atitudes daqueles que se fazem coerentes no seu jeito de pensar. Foi o que tentou nos dizer o filósofo Sêneca: “Nossa mente nunca está bem a não ser quando está em paz consigo mesma”.
São ensinamentos teóricos que vamos adquirindo ao longo da vida e que só faz sentido se os colocarmos em prática na nossa vivência cotidiana. Ensinamentos que fez Jesus ao longo de boa parte da sua vida pública, em contato com a comunidade dos empobrecidos da Palestina de seu tempo. Ensinamentos acompanhados de ações práticas de cura e libertação, devolvendo a dignidade àquelas pessoas, até então excluídas e rejeitadas pelas classes politica e religiosa de Jerusalém. É o que podemos ver no texto do Evangelho de Marcos, escolhido para o dia de hoje, com Jesus ensinando uma multidão de pessoas, através de algo muito simples: “Quem é que traz uma lâmpada para colocá-Ia debaixo de um caixote, ou debaixo da cama? Ao contrário, não a coloca num candeeiro?” (Mc 4,21) Com este seu ensinamento, Jesus quer dizer que Ele é a lâmpada que o Pai enviou ao mundo para iluminar o caminho das pessoas. Todavia, sem a luz da fé não é possível compreender o significado da presença e dos atos libertadores de Jesus.
“Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. (Jo 8,12) Jesus se declara a luz do mundo, e convida as pessoas a segui-lo, convertendo-nos ao seu projeto de amor, e testemunhando a presença de Deus no meio de nós. Fazer parte do grupo de Jesus e pertencer ao seu movimento é ter a consciência clara de que a libertação iniciada por Ele não é para ser abafada ou ficar escondida, mas para se tornar conhecida e contagiar a todos e todas. Quem acolhe a Boa Notícia da Palavra, aprende a ver e agir de acordo com a visão e a ação de Jesus. E a nossa compreensão vai aumentando à medida em que vamos agindo e fazendo acontecer o Reino. Quem assim não age, perde até mesmo a pouca compreensão que já tem:.”Ao que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem”. (Mc 4,25)
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