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O mistério do amor a dois (Chico Machado)

Sexta feira da Sétima Semana do Tempo Comum. Maio caminhando para o seu final. Entramos na última semana dele, com Maria nossa Mãe, guiando os nossos passos em direção ao encontro com seu Filho. Aprender de Jesus como fez a Mãe, discípula fiel, que desde o início, com o seu Sim a Deus, tornou-se a Comadre de Nazaré, servidora das causas dos pobres pelo Reino.

Influenciado pelas expressões de carinho dos amigos e amigas nestes últimos dias, tenho refletido sobre muito os escritos do Papa Francisco, na Encíclica Fratelli Tutti. Ali ele define a Amizade Social como “uma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita” (FT,1). Este é o sentimento que trago em mim, influenciado que sou também pela CF 2024: “Fraternidade e amizade social, pois somos todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

De certa maneira, sem qualquer tipo de exagero, sinto-me extremamente sintonizado com os meus amigos e amigas, como pensa e deseja nosso pontífice. A cumplicidade na relação de amorosidade me faz crer que há uma sincronia simbiótica entre nós, beirando ao mesmo sentimento que há entre Deus e sua criação. Aliás este é o nosso maior desafio, traduzir o amor que Deus sente por nós, nas relações que vamos estabelecendo com os irmãos e irmãs. Amar o invisível, nos visíveis que estão ao nosso alcance.

O mistério do amor de Deus se manifesta intrinsecamente no amor que há na vida a dois, de uma vida conjugal. Pelo menos é isto que transparece a partir da interpretação exegética que fazemos do texto do capítulo 10 do Evangelho de Marcos, que iniciamos no dia de hoje. Terríveis como são, mais uma vez, os fariseus aparecem com o intuito de colocar Jesus à prova, numa situação embaraçosa, deles, fazendo referência aos a uma perícope do Antigo Testamento.

O pano de fundo da discussão naquele momento, era exatamente a questão do casamento e do divórcio. Conhecedores que são da Torá, os fariseus citam a Jesus uma passagem do Antigo Testamento: “Quando um homem se casa com uma mulher e consuma o matrimônio, se depois ele não gostar mais dela, por ter visto nela alguma coisa inconveniente, escreva para ela um documento de divórcio e o entregue a ela, deixando-a sair de casa em liberdade. (Dt 24,1)

Aquelas autoridades religiosas estavam testando Jesus para ver se Ele contraporia aquilo fora dito por Moisés. Entretanto, Jesus se recusa a ver o matrimônio a partir de permissões ou restrições morais e legalistas. Na verdade, Ele reconduz o matrimônio ao seu sentido mais profundo e fundamental: aliança de amor e, como tal, abençoada por Deus, com vistas a plenitude da realização a dois. Desta forma, marido e mulher são igualmente responsáveis por uma união que deve crescer sempre, e os dois se equiparam quanto aos direitos e deveres: “Assim, já não são dois, mas uma só carne”. (Mc 10,8)

Luiz Cassio

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