Sexta feira da Vigésima Primeira Semana do Tempo Comum. É setembro e ele começou “sextando”. O mês da Bíblia por excelência. Bíblia que é um conjunto de livros sagrados inspirados, contendo as histórias da caminhada do povo de Deus, com instruções, guiando os cristãos, com base na tradição judaica (Antigo Testamento) e na divulgação do Evangelho (Novo Testamento). Para os Católicos, a Bíblia é constituída de um total de 73 livros, estando subdivididos em 46 livros no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento. Como Paulo afirma em uma de suas cartas: “Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça”. (2 Tm 3,16)
Neste dia 1º de setembro, celebramos o “Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação.” Esta temporada especial de oração se estenderá até o dia 4 de outubro, onde celebraremos o Dia de São Francisco de Assis. O tema deste momento especial de oração do Tempo Ecumênico da Criação é: “Que jorrem a justiça e a paz”, inspirando-nos nas palavras do profeta Amós: “Jorre a equidade como uma fonte, e a justiça como torrente que não seca”. (Amós 5, 24). Contemplando a Criação, somos chamados a enxergar não somente a beleza e a complexidade do ser criado, mas também a nossa parte na teia da vida.
No dia do “Cuidado da Criação”, somos obrigados a conviver com a barbárie dos tempos atuais, quando a Suprema Corte do país (STF), está julgando o Marco Temporal. O “Marco do Descaramento”, uma vez que considera como válida para efeito das demarcações de terras, os Povos Originários que estavam em seus territórios até o dia 5 de outubro de 1988, data em que foi promulgada a Constituição Federal da República de 1988. Como se estes povos não habitassem este território já bem antes da chegada do colonizador, invasor de terras. De saber que, segundo estudos dos ambientalistas, os indígenas desmataram apenas 1% de suas terras, mostrando assim que são eles os únicos que defendem a natureza e a floresta em pé.
Os povos indígenas sempre habitaram este território que veio a se chamar Brasil. Segundo o senso de 2022 (IBGE), o número de indígenas residentes no Brasil é de 1.693.535 pessoas, representando 0,83% da população total do país. Todavia, as terras indígenas representam cerca de 11,6% do território nacional, segundo dados da antiga Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Deste total de terras, apenas 8% estão demarcadas, e mesmo assim sendo invadidas diuturnamente por aqueles que se acham os donos das terras, para implantação de toda forma de latifúndio. O território brasileiro possui uma extensão de cerca de 851 milhões de hectares (8.547.403,5 km2). Os territórios indígenas ocupam uma área de 991.498 km2 de extensão. Isto para quem já foi dono de tudo. Marco Temporal, Não! Demarcação, Já!
Setembro iniciou, mas continuamos ainda refletindo na nossa caminhada com a ajuda do evangelista Mateus. Como ontem, seguimos com o “Discurso Escatológico” deste, que abrange os capítulos 25 e 26 de seu evangelho. Jesus falando aos seus, sobre a necessidade de permanecerem sempre alertas e vigilantes, para não serem pegos de surpresa. Desta vez, Jesus fazendo uso de mais uma de suas parábolas, no intuito de facilitar o entendimento deles: As dez virgens. A metade delas são prudentes, atentas e vigilantes; a outra metade são aquelas que descuidaram e se deixaram levar pelo comodismo de esperar que as coisas aconteçam a seu modo.
A vida do cristão deve ser marcada por uma vigilância constante. Estar preparado sempre à espera da chegada do Senhor, praticando o amor e a Justiça do Reino. Como gostava de nos dizer nosso bispo Pedro: “Uma espera que não é ingênua nem passiva, pois nos move para que possamos, não só sonhar, mas construir dias melhores”. Esperar fazendo acontecer e acreditando na possibilidade deste encontro com Jesus na pessoa dos que mais sofrem. Jesus está vindo todos os dias, e não se trata de uma presença nos “tabernáculos dourados”, mas personalizado naqueles maltrapilhos que andam pelas nossas ruas. Mateus encerra o seu Evangelho da forma que iniciara. No seu último versículo Jesus afirma: “eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos.” (Mt 28,20) Ou seja o evangelista encerra com a promessa já feita no início dizendo que Jesus está vivo e sempre presente no meio da comunidade, como o Emanuel, o Deus-conosco (cf. 1,23).
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