Sábado da Décima Terceira Semana do Tempo Comum. Chegamos ao primeiro final de semana do mês de julho. Neste que é o 188º dia do ano, a Lua está na fase Nova, ou seja, totalmente invisível a olho nu para nós do Planeta Terra, já que ela mantem a sua iluminação somente do lado oposto ao visível na terra. Segundo os estudiosos da Lua, a energia da Lua Nova é muito forte, tanto que tudo aquilo que for iniciado durante esta fase, tem a possibilidade de acontecer com sucesso, principalmente no sentido de plantar as sementes. Segundo os Astrólogos, “a Lua Nova Inspira a doçura nas atitudes, afirmações positivas, servir de exemplo para outros ou tomar os outros como exemplo, descoberta de dons e desejos”. Independente da influência da Lua ou não, tudo isso é muito bom!
Influenciado pela Lua ou não, acordei bem melhor da virose que chegou até mim, fazendo-me passar por maus bocados nestes últimos dias. Um surto dela chegou à nossa pequena cidade de São Félix, acompanhada de vômitos e diarreia. Um mal estar terrível toma conta de todo o corpo. Uma moleza geral. Segundo alguns, talvez seja em decorrência da água que consumimos por aqui, que nos vem do Araguaia. De tantos venenos usados pelo Agronegócio aqui no estado, isto não seria nada impossível. Estudos científicos demonstram que o nosso Araguaia, nos seus 2.100 km de extensão, está contaminado por agrotóxicos, com o nível de poluição acima dos aceitos pela União Europeia, afetando diretamente a vida das pessoas e da biodiversidade. Triste situação!
Neste primeiro sábado do mês, somos desafiados a refletir e atualizar na nossa caminhada de fé, a experiência do jejum. Tudo porque, o texto que refletimos de Mateus neste dia, começa com os discípulos de João Batista, indo até Jesus e fazendo-lhe uma pergunta intrigante para eles: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” (Mt 9,14) O que chama a atenção nesta indagação do discipulado do Batista e que, talvez nem o profeta aprovasse tal atitude, eles se igualam aos fariseus, no que dizia a prática do Jejum. Lembrando que a prática do jejum era comum entre os fariseus. Eles jejuavam duas vezes por semana, às segundas e quintas feiras (Lc 18,12). Já o povo, tinha a prática de jejuar no dia do perdão, chamado de “Yom Kippur”, em hebraico, conforme o Levítico 16,29-34.
“Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. (Mt 9,15) Esta foi a resposta direta de Jesus aos discípulos de João, significando que não havia sentido dos discípulos de Jesus jejuarem enquanto Ele estava ali com eles. Diferente da prática do jejum dos antigos, que era um tempo de espera, para o povo do Novo Testamento, este tempo já chegou com a vinda do Messias esperado. Chegou a hora da “festa do casamento”, isto é, da nova e alegre relação entre Deus e as pessoas. Em outras palavras, Jesus veio substituir o sistema da Lei antiga, rigidamente seguida pelos fariseus.
O jejum como prática pedagógica libertadora. Um dos profetas do Antigo Testamento teve uma visão pedagógica renovada sobre uma nova forma de se praticar o jejum. O profeta Isaias, que viveu no século VIII a.C, e que teve o seu exercício profético por cerca de quarenta anos, escreveu em seu tempo, e que serve muito bem para exemplificarmos qual a visão que Deus tem sobre o jejum. “O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente.” (Isaias 58, 6-7)
A justiça que vem da misericórdia abre as portas do Reino para todos. Procurar a Deus é praticar o direito e a justiça. Essa procura pode ser mascarada por atos que parecem mostrar disponibilidade em realizar o projeto de Deus; e qualquer prática de piedade pode esconder um não-compromisso com a vontade de Deus. Ao contrário, a sinceridade se revela através da solidariedade com os oprimidos e da participação efetiva num processo de libertação. Só assim estaremos procurando a Deus, recebendo d’Ele uma resposta, quando assim seremos co-agentes deste seu projeto: a construção de uma sociedade fundada no direito e na justiça. A atividade de Jesus mostra-nos que o amor de Deus vem para salvar a pessoa concreta e não para manter as estruturas que exploram e sugam as pessoas. Jesus nos faz ver que sua novidade rompe estas estruturas simbolizadas pela roupa e barril velhos. Ele não veio para reformar. Ele exige mudança radical. É pegar, ou largar! Educar-nos para a prática pedagógica libertadora de Jesus na linha do pensamento de Aristóteles que dizia: “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”.
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