Quarta feira da Terceira Semana do Advento. Estamos vivendo uma semana de alegria esperançosa, não somente porque estamos a sete dias do Natal, mas também porque estamos em clima de festa. Nossa autoridade maior da Igreja está aniversariando nestes dias. O Papa Francisco completou 88 anos de idade nesta terça-feira (17). Ele que nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 1936. Tornou-se um dos papas mais velhos a permanecer no cargo, ultrapassando, Clemente XII, que morreu a dois meses de completar 88 anos.

O primeiro jesuíta Papa, e primeiro Sul americano a assumir o pontificado. Lembrando que seu antecessor, Bento XVI, renunciou ao pontificado em 2013, com 85 anos de idade. Francisco, como o outro mais conhecido, o de Assis, é um homem de Deus. Soube, com muita luz e inspiração divina, conduzir os caminhos da Igreja, ao longo destes anos, fazendo-a trilhar pelo mundo, respondendo aos desafios da modernidade, sob a luz do Concílio Vaticano II (1962-1965). Uma Igreja que sai de si mesma e de seu dogmatismo, assumindo o compromisso com a história, de trazer Deus mais próximo às periferias existenciais e geográficas. Vida longa ao nosso querido pontífice!

Papa Francisco, um homem de Deus! Um ser humano pleno de humanismo. O humanismo de Deus se faz presente nesta pessoa incrível, e que se dá por inteira na simplicidade da missão que exerce. Humanismo que vemos acontecer hoje com a encarnação do Verbo sob outra perspectiva. É o que a liturgia nos oportuniza refletir no dia de hoje com o Evangelho de Mateus. Se em Lucas, estamos acostumados a ver o anúncio do anjo à Maria, em Mateus, este se dirige à pessoa do angustiado José, diante dos fatos que vivenciara, com sua amada Maria, aparecendo grávida, diante de toda aquela sociedade, machista e patriarcal. Vai saber o que se passara na cabeça daquele pobre homem? Poderia denunciá-la, mas procurou outro caminho.

Rezei nesta manhã neste clima de mistério absoluto da revelação de Deus à humanidade. Estes textos bíblicos sempre me impactam, e não precisa de muita sabedoria, para perceber a intervenção divina em nossa história. Todavia, a revelação é um campo do conhecimento da teologia sistemática e da teologia bíblica na prática de fé de todo cristão. Trata-se de conhecer a pessoa de Deus, seus atributos e sua ação na história humana. Deus que continua a nos falar pelos acontecimentos da história, e devemos estar sempre abertos para escutar e interpretar estes sinais.

São os mistérios de Deus que a Teologia decifra de forma mistagógica. A palavra «mistagogia» vêm do grego: a raiz myst- que indica o mistério, o oculto, e agagein, guiar, conduzir. Refere-se, portanto, a tudo o que ajuda a conduzir-nos ao mistério insondável de Deus. O Mistério de Cristo, o Verbo Encarnado, que celebramos na liturgia e o buscamos viver em nossa prática de fé cristã. A transcendência de Deus, vindo até nós na pessoa do Filho, abrindo-nos o horizonte, para que possamos experimentar a divindade de Deus, Pai e Mãe de todos nós.

“José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo”. (MT 1,20) Segundo a tradição da época, ele poderia denunciá-la, pois este era um direito seu. Entretanto, convencido pela intervenção divina, passa a fazer parte da lógica de Deus, contribuindo assim para o destino de toda a humanidade. Tudo o que estava acontecendo à sua volta, era obra da intervenção divina. Deus tomando a iniciativa de vir morar no meio de nós, se fazendo um conosco: Emanuel=Deus Conosco.

Deus, que entra na história humana e quer contar com a participação decisiva de um pobre casal da periferia de Nazaré. No texto dos Evangelhos, vemos toda a origem davídica de Jesus, mas a concepção tem a ver com a intervenção de Deus. Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco. Ele inicia nova história, em que as pessoas serão salvas (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados). “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa”. (Mt 1,24) José, cabra bom!