Sábado do Tempo do Natal, véspera da Festa da Epifania. Sábado que nos abre as portas de um dos momentos fortes da liturgia. A Igreja Católica considera epifanias três momentos: a Epifania dos magos do oriente, celebrada no dia de hoje; a Epifania a João Batista no rio Jordão e a Epifania quando tornou-se conhecido pelo milagre de Caná.
Rezei nesta manhã num lugar inusitado: no aconchegante TUCA – Teatro da Universidade Católica. Exatamente neste espaço histórico de resistência da PUC de São Paulo. Rezei contemplando Suas paredes, marcadas pelas atrocidades da ditadura militar. Este espaço foi vítima de um incêndio criminoso, por causa da luta contra os opressores militares. Somos filhos da resistência, como diria Nietzsche: “Depois que cansei de procurar, aprendi a encontrar. Depois que um vento me opôs resistência, velejo com todos os ventos”.
Terceiro dia do Curso de Verão. As duas temáticas a serem discutidas no dia de hoje são: Mulheres trabalhadoras – lutas, conquistas e desafios por igualdade trabalhista; e Juventudes, trabalho e estudo – desafios atuais. O curso deste ano tem uma participação significativa de jovens, que estão vindo pela primeira vez. Por mais que esta caminhada já aconteça há 37 anos, muitos padres e bispos não o conhecem e assim, não enviam as pessoas de suas comunidades para participarem do curso. Uma pena.
“Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”. (Mc 1,11) Esta foi a grande manifestação de Deus (Teofania) no batismo de Jesus, feito por João, o Batista, que a liturgia de hoje nos faz refletir. Jesus, que faz questão de ser batizado pelo precursor, reconhecendo nele toda a sua missão de anunciar o Messias. Um batismo diferente, mas importante e significativo, como forma de dar início a missão messiânica de Jesus de Nazaré, o filho de Maria e José.
Duas realidades bastante distintas, mas que se complementam. João é aquele que vem preparando os caminhos do Senhor. Jesus é o Messias, Verbo Encarnado, aquele que vem dar cumprimento às promessas de Deus. João Batista anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma grande transformação. Para tanto, é preciso estar preparado, purificando-se e mudando o modo de ver a vida e de vivê-la.
O texto do Evangelho nos diz que o céu se rasgou. Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. A voz apresenta o mistério de Jesus de Nazaré: Ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Javé, a quem o profeta Isaías se referiu: “Eis o meu servo, a quem sustento: ele é o meu escolhido, nele tenho o meu agrado. Eu coloquei sobre ele o meu espírito, para que promova o direito entre as nações”. (Is 42,1).
Com o nosso batismo, entramos para o grupo de Jesus. Discípulos e discípulas batizados, somos Jesuanos com Ele. Mais do que viver uma fé devocional alienada e para dentro, somos chamados a dar continuidade à mesma missão d’Ele. Somos desafiados a sermos fermento que transforma a massa. Batizados pelo e para o Reino. Como afirma o Papa Francisco, “o batismo marca o momento da confirmação de que somos todos filhos de Deus”. Não tenhamos medo e nem nos intimidemos. O Filho amado é um conosco.
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