Quarta feira da Sexta Semana da Páscoa. Já avistamos no horizonte próximo, o Espírito Santo, que vem ao nosso encontro. O Defensor, o Paráclito, o Consolador, o Conselheiro, o Espírito da Verdade. Como já nos dizia o profeta Isaías: “Sobre ele pousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor do Senhor. (Is 11,2) Espírito Santo da Verdade que o Evangelho de João assim o define: “o Advogado, que eu mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando ele vier, dará testemunho de mim”. (Jo 15,26)
Na sua vida terrena, Jesus ensinou muitas coisas aos seus discípulos. Umas, eles entenderam facilmente. Outras nem tanto. Todavia, Ele prometeu a eles que, depois da Ressurreição, o Espírito Santo viria e os guiaria em toda a verdade, para que eles entendessem aquilo que não era de fácil entendimento para a razão humana. Assim, por causa do Espírito, eles foram capazes de compreender a verdade, provinda da revelação de Deus a eles. Esta verdade que o Espírito revela é “loucura” para muitos deste mundo, conforme atesta São Paulo em uma de suas cartas: “Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte”. (1Cor 1,27)
Fato é que o Espírito Santo é o nosso aliado e mediador nas causas do Reino de Deus. É desta forma que podemos ver hoje, no texto escolhido para a nossa reflexão, neste clima de preparação para a Festa de Pentecostes. Num clima de incerteza, insegurança e falta de conhecimento dos discípulos, diante da despedida de Jesus, o Mestre encontra um jeito de encorajá-los dizendo: “Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará”. (Jo 16,13) Eles que já não contarão com a presença física do Nazareno, começam a ficar tristes pela falta daquela presença reconfortante. Dali em diante,, eles contarão com a presença do Espírito para confortar, consolar e orientá-los no caminho a seguir.
A missão do Espírito Santo não diferirá da missão de Jesus. Da mesma forma que Jesus nada fez sem o consenso e a sintonia de unicidade com o Pai, assim também o Espírito agirá em perfeita sintonia com Jesus, o Filho de Deus. Segundo a proposta de Jesus, o Espírito será o mestre/guia, para que os seguidores d’Ele, tenham o pleno entendimento da realidade de Deus e dos homens como o Pai e o Filho a veem. Sendo assim, os discípulos serão desafiados a conhecer o mundo e a história na mesma perspectiva da novidade que chegou até nós com a morte e a Ressurreição de Jesus. Caminhar com Jesus ressuscitado, sendo orientados pela presença do Espirito da Verdade, se possível rezando com o salmista: “Eu escolhi o caminho da verdade, e me conformo com as tuas normas”. (Sl 119,30).
Assim como os discípulos de Jesus, estamos num mesmo pé de igualdade, quando escolhemos fazer o seguimento d’Ele. Não basta acreditar em Jesus, mas é preciso conhecê-lo em profundidade, para que assim possamos fazer uma experiência de fé radical, percorrendo os mesmos caminhos que Ele percorreu. Essa experiência de fé e essa consciência, acontecem em nossas vidas, graças à ação do Espírito Santo em nós. O Espírito da Verdade, segundo as palavras de Jesus. É este mesmo Espírito que nos permite tomar conhecimento das palavras do Senhor, para que assim possamos caminhar pela história, com o coração voltado para Deus. É o Espirito da Verdade que nos vai ajudando a desvendar o melhor caminho a seguir. O verdadeiro sentido das coisas, da história, dos acontecimentos, está reservado àqueles e àquelas que se deixam possuir pelo Espírito, escutando a sua voz de coração aberto. “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”. (Mt 5,8)
O cristianismo sobreviveu ao tempo graças ao testemunho dos discípulos, que aceitaram o desafio de dar continuidade às ações de Jesus. Mesmo diante das perseguições, torturas e até mortes, eles se fizeram fieis no seguimento de seu Mestre. É através do testemunho corajoso dos apóstolos e dos escritos do Novo Testamento, que conhecemos quem é Jesus. É também através do nosso testemunho que levaremos adiante a proposta do Reino, anunciado por Jesus. O testemunho de Jesus continua na história. Ao prometer e enviar-nos o Espírito da Verdade, os discípulos e nós, nos tornamos capazes de interpretar o mundo sob a mesma ótica de Deus, agindo em Jesus. Como bem nos ensina o Catecismo da Igreja Católica: “O termo ‘Espírito’ traduz o termo hebraico ‘Ruah’ que, na sua primeira acepção, significa sopro, ar, vento. Jesus utiliza precisamente a imagem sensível do vento, para sugerir a Nicodemos a novidade transcendente d’Aquele que é pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito divino”. Que o Espirito da Verdade nos invada e faça por meio de nós, as transformações que queremos ver no mundo!”
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