Quarta feira da Segunda Semana do Advento. Como seguimos o Calendário Gregoriano, hoje é o 347.º dia do ano. Faltam exatamente 18 dias para 2023 virar a esquina. O Natal está bem ali à frente, muito embora, todo dia é dia de Natal. É Deus mesmo que renasce nos sinais e fatos da vida. De expectativa em expectativa. Esperando e fazendo acontecer um mundo novo.
13 de dezembro, dia de festejar. Hoje a Igreja celebra a Memória de Santa Luzia, uma das mártires da igreja católica do século IV. Sofreu na pele a cruel perseguição do Império Romano. Luzia foi torturada, teve seus olhos arrancados, sendo, por fim, decapitada. Santa Luzia é a protetora dos olhos e dos oftalmologistas.
Preciso da proteção de Santa Luzia, já que o meu alto grau de hipermetropia, faz de mim um deficiente visual dos olhos físicos. Ainda bem que enxergo a vida para além do meu campo visual. Os olhos do meu coração – que agora está sendo sabatinado pelo cardiologista – me faz olhar e sentir mais além. Trago sempre comigo aquilo que foi dito por Saint Exupery, no seu Pequeno Príncipe: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.
Rezei nesta manhã, embalado pelo movimento frenético dos engarrafamentos da capital dos goianos, sendo levado ao consultório médico pelo simpático motorista de aplicativo. Pensando e rezando com Santa Luzia, para que nos ajude a enxergar um mundo melhor, onde a dor e o sofrimento dos mais pobres, sejam acalentadas com justiça, equidade, fraternidade e bem viver.
A festa de Santa Luzia, marcou profundamente a minha vida de padre novo. Ao chegar à Prelazia de São Félix do Araguaia, no ano de 1992, fui realizar a primeira celebração no meio da floresta. Foi ali que fiz uso pela primeira vez do “kit Prelazia”, uma bicicleta, uma lanterna de 3 elementos, uma rede de dormir e as cordas. Desbravei, pedalando uma imensa floresta até chegar a comunidade de Santa Luzia, com todo o povo das cercanias ali reunidos, esperando o padre. Pensa numa comunidade animada e feliz?
Entusiasmado com este contexto de 31 anos atrás, já estava me esquecendo da proposta litúrgica desta quarta feira, quando Jesus nos faz um convite animador: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso”. (MT 11,28) Convite este, feito aos seus discípulos e discípulas, mas também a cada um de nós. A estrada da vida é longa, mas também é curta.
Todos trazemos em nós a dádiva maior do existir. A vida é um dom que Deus nos deu de forma gratuita, generosa e plena de sua amorosidade. O viver se torna um desafio, pois estamos a caminho das nossas realizações pessoais e coletivas. Isso traz cansaço, desilusões, desafios e dificuldades. Mas não é hora de desistir, ou desesperar, se com Ele quisermos estar. Sua presença em nós, transforma rodo o nosso ser, como Ele mesmo disse: “o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11,30) Sem medo de sermos felizes! A nossa pressa histórica não apressará o momento histórico, alertara-nos Karl Marx.
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