Quarta feira da Nona Semana do Tempo Comum. Vida que segue, adentrando-nos no mês de junho, antevendo as festas juninas que estão logo à frente. Enquanto isso, vamos refletindo este período litúrgico com a ajuda do evangelista São Marcos. O evangelho mais curto de todos os demais, em que a leitura dele nos leva a perceber o significado do que Jesus faz, isto é, numa tentativa de relatar o quadro completo da sua atividade messiânica. Ou seja, através da sua prática, Jesus realiza o projeto messiânico segundo a vontade do Pai, entrando em conflito com uma concepção de Messias ligada aos esquemas de dominação próprio da época, já que a concepção que se tinha, era que o Messias viria como rei triunfante, que libertaria a nação judaica do poderio romano.
Antes, porém, de entrarmos no texto propriamente de hoje, abrimos a nossa linha de pensamento para refletir sobre a temática ambiental. Comemoramos hoje o “Dia Mundial do Meio Ambiente”. Este dia foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 1972, para fomentar ações voltadas à preservação ambiental. No Brasil, o Decreto n° 86.028/1981 instituiu a Semana Nacional do Meio Ambiente, com a finalidade de “promover a participação da comunidade nacional na preservação do patrimônio natural do país”. Os cuidados com os recursos naturais e o desenvolvimento sustentável devem ser diários, no intuito de preservar a natureza que é a nossa fonte maior de sobrevivência.
A terra, nossa Casa Comum, está cada vez mais transformada pela ação gananciosa (lucro) do homem. O Papa Francisco tem sido um profeta da esperança, um incansável defensor e promotor da vida. Sua encíclica “Laudato Si” é um grito profético, uma reflexão profunda que enfoca o problema da poluição produzida pelos resíduos e no aquecimento preocupante do sistema climático. A mudança climática é um problema global que atinge toda a humanidade, cujos impactos mais pesados virão nas próximas décadas, onde seremos vítimas, nós e, principalmente, as futuras gerações. “cuidar da nossa Casa Comum não é simplesmente um esforço utilitário, mas uma obrigação moral para todos os homens e mulheres como filhos de Deus”, diz-nos o Papa.
Cuidar da criação e da Casa Comum é nossa missão e obrigação. Para isto, precisamos passar por um processo de conversão ecológica, num esforço comum de buscar um desenvolvimento sustentável e integral. A degradação ambiental atinge a vida dos mais pobres do mundo. Eles são os excluídos do planeta. Vivemos em tempos de globalização da indiferença, em relação aos mais pobres. É preciso ir por outro caminho para contrariar esta globalização do ódio e da desigualdade. Nesse sentido, o Papa Francisco condena veementemente o desinteresse das políticas internacionais, numa submissão à política tecnológica e aos interesses das grandes corporações em relação ao meio ambiente.
Cuidar da terra é cuidar da vida! Cuidar da vida é cuidar do corpo e cuidar da alma! “Deus não é o Deus de mortos, mas de vivos”. Esta é a grande conclusão que chegamos ao ler o texto do evangelho de hoje. Depois de ser confrontado em relação ao pagamento de impostos e o descumprimento da Lei do sábado, Jesus agora está sendo questionado acerca da ressurreição dos mortos. Desta vez não são os fariseus e nem os herodianos, mas os saduceus que fazem o confronto com Ele. Lembrando que os saduceus faziam parte de um grupo de judeus presentes na Judeia durante o período do Segundo Templo. Pertenciam ao alto escalão social e econômico da sociedade na Judeia. Eles procuram desqualificar Jesus diante do povo, pois consideravam-no perigoso demais para os seus interesses. E o tema que discutem com Jesus é sobre a ressurreição dos mortos.
Eles negavam a ressurreição, como Jesus e o cristianismo posteriormente assumiram. Todavia, na compreensão judaica dos fariseus, somente os judeus alcançariam a ressurreição. Entretanto, a ressurreição em que acreditavam, era um simples regresso à corporalidade original, tal e qual a pessoa vivia no aqui e agora. Diante desta confusão de ideias, Jesus vai afirmar que o centro da questão está na verdade do amor de Deus. Outrossim, se Deus muito nos ama, de firma incondicional e gratuita, Ele não nos abandonaria ao poder da morte, mas nos quer unidos a Si, que é a fonte da vida, tornando-nos imortais com a ressurreição. Ele ressuscitou e nos quer juntos a Si, como uma vida divina, semelhante a vida dos anjos.
Deus está comprometido com a vida e não com a morte: “Ele não é Deus de mortos, mas de vivos!” (Mc 12,27). Deus não nos criou para morrer, mas para a aliança consigo para sempre. Desta forma, a verdadeira compreensão da ressurreição não pode ser imaginada como uma cópia do modo de vida que levamos neste mundo. “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá jamais”. (Jo 11,25-26) Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas uma necessidade física. Para a fé cristã a vida não é interrompida com a morte, mas caminha para a sua plenitude. A vida plena da ressurreição já está presente naqueles e naquelas que pertencem à comunidade de Jesus.
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