Domingo da Solenidade da “Epifania do Senhor”.
A palavra epifania teve a sua primeira origem no grego “epipháneia”. Posteriormente, também o latim nos trouxe “epihania”. Ambas as origens com o significado de aparição ou manifestação de algo, relacionadas ao contexto espiritual e divino. Assim, a Epifania é a Festa Católica em que é celebrada a comemoração do aparecimento da primeira manifestação de Deus na pessoa de Jesus aos gentios.
O texto bíblico é recheado de toda uma simbologia teológica e fala da Epifania como a manifestação de Deus na pessoa de uma frágil e indefesa criança, sendo acolhida pelos “Magos do Oriente”. Homens gentios (pagãos), astrônomos ou astrólogos, que se põem a caminho para o encontro com o Rei-Messias, prostrando-se a seus pés, oferecendo-lhe presentes. Taís presentes já denotam a natureza Daquele que ali estava diante deles: ouro – referindo-se a realeza de Jesus; incenso – seu ser divino; mirra – relacionada ao servo sofredor como missão do Messias.
Rezei nesta manhã revivendo esta festa tão significante e significativa para o imaginário católico. Epifania como caminho de encontro ao Senhor que vem. Deus que toma a iniciativa na gratuidade de promover o encontro entre o seu Ser Divino, se fazendo humano na pessoa do Filho que vem estar no meio de nós. Cabe colocarmo-nos no caminho para que este encontro faça parte da realidade dos nossos projetos de vida. O caminho como ato pedagógico de quem se abre à perspectiva maior de Deus agindo na história, através do encontro d’Ele conosco.
Os povos Indígenas têm na sua essência a perspectiva do caminho. Caminhar faz parte da essência de seu ser como ato identitário de pertencimento a uma cultura ancestral, de um povo definido por saberes ontológicos. Povo que se identifica no caminho que desenvolvem, em sintonia com todo meio que estão envolvidos e se sentem parte integrante deste todo, não com superioridade sobre os demais seres, mas como complemento. Caminhar é um dos atos culturais e o fazem permanentemente, seja pelo território, seja como incursão existencial pelos caminhos dos seus rituais vividos.
Somos seres do caminho. Desde o advento no ventre materno e, com o nascimento, desenvolvemos em nós a dinâmica do caminhar. O caminho do encontro. Encontro conosco mesmo. Encontro com a nossa essência de seres criados a imagem e semelhança do Criador. Caminho que está no horizonte de perspectiva dos nossos sonhos e realizações. Caminhos que a gente é. Caminhos que a gente faz. Caminhos que vamos construindo no passo a passo da história na busca incessante do “Bem Viver”, pois nascemos para a plenitude da vida.
Caminho de encontro com o Criador na pessoa de sua Criatura, o Verbo que é Jesus que se encarna em nossa realidade humana. É Ele o Rei Salvador prometido dantes pela Palavra de Deus. Seu vir estar entre nós, despertou reações distintas. Aqueles que, em vez de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo no Filho de Deus, uma ameaça para o seu próprio modo de viver. De Salvador, Jesus passa a ser uma ameaça. Já os desclassificados e rejeitados, fazem o caminho do encontro com Jesus e o acolhem como Rei Salvador.
O desafio que é posto a nós é o de fazer o caminho de encontro com Jesus na pessoa daqueles e daquelas que mais sofrem e são os invisíveis, excluídos de nossa sociedade. Visíveis, invisíveis. Jesus continua nascendo e manifestando-se no meio de nós. Entretanto, não basta saber quem é este Rei-Messias. É necessário seguir os sinais que se manifestam na história que nos encaminham para reconhecê-lo e aceitá-lo. Aqueles que rejeitaram o Salvador, são os mesmos que tramaram e levaram-no à morte. Nós também podemos estar trilhando os mesmos caminhos destes, quando nos fechamos em nós mesmos e nos nossos projetos de auto suficiência. Sejamos caminhos de encontro com Ele que vem ao encontro de nós.
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