Terça feira da 31ª Semana do Tempo Comum. Felizmente, por aqui, a estação primaveril só tem a agradecer as fartas chuvas, que tem caído do céu nestes últimos dias. O sertão vai florir e o Araguaia agradecido, vai mudando aos poucos o seu formato. Numa manhã mais fresca, acordei melancólico e saudoso, dos bons tempos de estudante de filosofia, na PUC de Campinas. Toda a energia da minha juventude, colocada naquele curso, pelo qual me apaixonei, levando a sério as provocações do filósofo e filólogo prussiano (atual Alemanha) Friedrich Nietzsche (1844-1900) e que muito nos desafiava: “Torna-te aquilo que és”. “Tornar-se pessoa”, diria o psicólogo estadunidense Carl R. Rogers (1902-1987)
Uma terça feira bastante significativa para a cultura brasileira. Nesta data de 5 de novembro, celebramos o Dia Nacional da Língua Portuguesa. Era para ser celebrada em todo o Brasil, como forma de homenagear a riqueza e a diversidade da cultura brasileira. Um momento especial para ressaltar a importância da nossa língua, na construção da identidade nacional, e para celebrar a obra de grandes escritoras e escritores brasileiros. O dia 5 de novembro foi escolhido para homenagear o jornalista e advogado brasileiro, Ruy Barbosa, que entre as suas muitas contribuições, teve um trabalho incansável na valorização do português, nossa língua falada e escrita. Como diria o poeta português Fernando Pessoa (1888-1935): “Minha pátria é a língua portuguesa”.
Apesar de o português ser a nossa língua oficial, somos um país, cuja diversidade cultural, está presente na formação do Estado Brasileiro. Somos um povo miscigenado, já que a nossa constituição como povo, passa pela mistura das raças, branca, negra (afro) e dos povos originários. O domínio é o da língua portuguesa, mas, segundo os dados demográficos do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o Brasil registra um total de 319 línguas indígenas faladas no país, entre estes povos. Tais línguas fazem parte dos troncos linguísticos ou famílias linguísticas, que entre eles destacam-se os troncos Tupi e o Macro-Jê. Que saibamos valorizar a nossa língua falada em todos os recantos do Brasil, mas reconheçamos, com devido respeito, que fazemos parte de uma ampla diversidade cultural linguística.
“Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam”. Foi assim que o pastor batista e ativista político estadunidense Martin Luther King (1929-1968), definia aquele seu momento histórico. É assim que nos comportamos, quando nos fazemos indiferentes, diante da realidade do sofrimento das populações mais vulneráveis, e que Jesus chama a nossa atenção no texto que a liturgia nos oportuniza refletir no dia de hoje. Lucas mostra-nos Jesus comparando o Reino de Deus com um grande banquete, ao qual, os convidados primeiros, se recusaram e fizeram desfeita. O banquete do Reino, transformado no “banquete do desprezo”.
“Nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete”. (Lc 14,24) Esta é a conclusão que o texto de hoje chega, diante daqueles que rejeitaram a proposta de fazer parte do banquete do Reino, o banquete da vida. Muitos dos que foram convidados, deram prioridade aos seus afazeres efêmeros e deixaram de lado a possibilidade da partilha do bem maior, que é o estar em sintonia com o projeto de Deus. Aqueles convidados rejeitaram o convite. Nós também fazemos o mesmo, quando nos apegamos aos nossos interesses pessoais individualistas, em detrimento da vida partilhada pelas causas da vida dos pequenos: os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
Todos e todas somos convidados para participar do banquete do Reino. No Reino não existem marginalizados. Todos têm o mesmo direito de participar da bondade e misericórdia de Deus, que superam tudo o que as pessoas consideram como justiça. No Reino não há lugar para o ciúme. Aqueles que julgam possuir mais méritos do que os outros devem aprender que o Reino é dom gratuito. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. (Mt 20,16) Como vimos no texto do evangelista Lucas, o Reino de Deus é apresentado como banquete em que Deus reúne os seus convidados. Ainda que os representantes oficiais e os habituados à religião recusem o convite, dando mais importância aos seus próprios afazeres, o Reino permanece aberto para aqueles que comumente são julgados como excluídos: os marginalizados da sociedade e da religião.
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