Quinta feira da Vigésima Segunda Semana do Tempo Comum. Setembro vem desbravando a fumaça que insiste em permanecer no ar, depois de tanto fogo ateado pelas mãos criminosas dos sem noção. Para nós aqui da Amazônia, esta é uma data especial. No dia 5 de setembro, é comemorado o dia da maior floresta tropical do planeta: o Dia da Amazônia. O objetivo é chamar a atenção para a importância de uma das maiores riquezas naturais da humanidade. Ela que é considerada um patrimônio da humanidade, como a maior reserva natural. São ao todo sete milhões de quilômetros quadrados, com cinco milhões e meio deles só de florestas, abrangendo nove países. O que muitos não sabem é que a proteção do bioma amazônico é fundamental para o equilíbrio do meio ambiente e do clima na Terra e para a produção e conservação dos recursos hídricos.
Que Santa Teresa de Calcutá nos perdoe pela destruição que estamos causando na Floresta Amazônica. Sim, ela mesma, que no dia de hoje, a Igreja celebra a sua memória. A “mãe dos pobres”, de origem albanesa, Teresa nasceu em 1910 e faleceu em 1997, aos 87 anos. A celebração de hoje lembra o dia de sua páscoa para a casa definitiva do Pai. Dedicou mais de 20 anos da sua vida ao trabalho com os pobres na Índia. Em 1946, funda as Missionárias da Caridade, veste o sári indiano e inicia a sua nova missão entre os últimos de Calcutá: os descartados, aqueles que “não são queridos, não amados, não cuidados”. Insistentemente ela dizia: “a falta de amor é a maior de todas as pobrezas”.
Amor sem fronteiras. Amor que não conhece fronteiras. As fronteiras do amor é o amor sem fronteiras, como pede Jesus a seu discipulado. A missão do seguidor e seguidora de Jesus é ir onde estão os últimos. É tarefa do discípulo e da discípula ultrapassar os nossos estreitos limites humanos, para nos abrirmos à imensidão do amor de Deus. Tarefa nada fácil para quem confia apenas em si mesmo e nas suas forças, mas que se torna infinitamente maior e mais eficaz, quando nos abrimos à ação do Espirito Santo de Deus em nós. Neste sentido, a Santa de hoje tem uma receita que nos ajuda: “O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá”.
Amor misericordioso de Deus! Amor infinito de Jesus pelos seus! É esta a realidade que podemos trazer para o nosso contexto vital no dia de hoje, com o texto de Lucas, que a liturgia oferece para a nossa reflexão orante: ler, meditar, rezar e contemplar a ação de Deus em nós através de sua Palavra. Para tanto, é necessário abrir, mente e coração, confiando que Deus tem um plano para cada um de nós, selado desde antes de sermos gestados no útero maternal de nossa progenitora, como o profeta Jeremias assim descreve: “Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das nações”. (Jer 1,5) Foi assim com Jeremias e é assim também com cada um de nós. A missão será difícil, mas não devemos temer, pois o Senhor está conosco.
O texto de Lucas inicia dizendo que Jesus estava às margens do Lago de Genesaré, e uma grande multidão se espremia ao redor d’Ele, desejosa de ouvir sua palavra. Jesus que é a Palavra e Revelação de Deus. A título de contextualização, o mar da Galileia, que também era chamado pelo nome de Lago de Tiberíades ou Lago de Genesaré, está localizado na Galileia, na região norte de Israel, compreendendo uma área de cerca de 166 km². Sendo abastecido pelo Rio Jordão, ele é o maior lago de água doce do país. Lembrando que grande parte do ministério público messiânico de Jesus foi desenvolvido nas margens do lago de Genesaré, como vemos uma parte dele hoje.
O evangelista Lucas, tem uma preocupação particular de mostrar à comunidade que o caminho de Jesus inicia o processo de libertação na história, e por isso realiza uma nova história: a história dos pobres e oprimidos que são libertos para usufruírem a vida dentro de novas relações entre as pessoas. A cena apresentada hoje é emblemática. Jesus chama seus primeiros discípulos, mostrando-lhes qual a missão reservada a eles: fazer com que as pessoas participem da libertação trazida por Ele e que só pode realizar-se plenamente no seguimento d’Ele, mediante a união com Ele e sua missão. É por isso que o convite ao seguimento é radicalmente exigente: é preciso “deixar tudo”, para que nada impeça o discipulado de anunciar a Boa Notícia do Reino.
O Reino precisa acontecer no aqui e agora de nossa história. Reino de paz, justiça, igualdade e fraternidade entre nós, filhos e filhas de Deus. De esperança em esperança! De utopia em utopia! Como sempre nos dizia nosso bispo Pedro: “A nossa utopia, aquela que merece os nossos sonhos e as nossas lutas e até o sangue de muitas testemunhas, é a utopia esperançosa”. O chamado feito aos primeiros discípulos e discípulas se estende a cada um de nós, que fazemos a nossa adesão ao projeto libertador de Jesus de Nazaré. “Eles deixaram tudo e seguiram a Jesus”. (Lc 5, 11) O seguimento implica, não só uma opção pessoal, mas também a decisão de se desapegar de tudo aquilo que, de algum modo, possa desviar a adesão a Jesus. “É fácil amar os que estão longe. Mas nem sempre é fácil amar os que vivem ao nosso lado”. (Santa Teresa de Calcutá)
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